Alckmin diz que há 'vandalismo seletivo' em protestos
Ele afirmou "estranhar" o fato de ninguém ter protestado contra o governo federal pelo o aumento da conta de luz, nem pela alta da inflação
PUBLICIDADE
Por Ricardo Chapola; Ana Fernandes
Atualização:
SÃO PAULO - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse nesta quinta-feira, 14, haver “vandalismo seletivo” ao comentar as manifestações do Movimento Passe Livre (MPL) contra o reajuste das tarifas de ônibus, trens e metrô. Ele afirmou “estranhar” o fato de ninguém ter protestado contra o governo federal pelo aumento da conta de luz nem pela alta da inflação. Os ativistas negam e afirmam que o aumento da passagem afeta a população da região metropolitana de São Paulo.
PUBLICIDADE
“Manifestação legítima, pacífica, não tem problema nenhum. Outra coisa é vandalismo seletivo”, disse Alckmin após participar de um evento com integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), no Palácio dos Bandeirantes, na zona sul da capital. “Não teve manifestação quando a inflação passou de 10%. O reajuste da tarifa é de 2% abaixo da inflação”, afirmou o governador.
A tarifa subiu de R$ 3,50 para R$ 3,80 no sábado passado – alta de 8,57%, enquanto a inflação acumulada, segundo o IPC-Fipe, foi de 10,49%.
Em protestos, estratégias da PM e de manifestantes variam de pedradas a blindados israelenses
1 / 16Em protestos, estratégias da PM e de manifestantes variam de pedradas a blindados israelenses
Blindados Israelenses
Presentes na manifestação contra o aumento da tarifa, os blindados são equipados com sistemas não letais para dispersar tumultos: podem lançar jatos d... Foto: DivulgaçãoMais
Blindados Israelenses
Os veículos são os mesmos usados por Israel para conter palestinos na Faixa de Gaza e e o seu uso chegou a ser cogitado durante a Copa do Mundo, mas o... Foto: José PatrícioMais
Bomba de Gás
A bomba de gás lacrimogêneo é uma das principaisarmas não letais da PM. Ela pode ser arremessada com a mão ou com uma arma lançadora e provoca irritaç... Foto: JF Diorio/EstadãoMais
Bala de borracha
A bala de borracha só é usada em manifestações consideradas mais violentas.No protesto de estudantes contra a reorganização da rede de ensino, por exe... Foto: Daniel TeixeiraMais
Bala de Borracha
Mesmo com a ponta de borracha, abala é capaz de provocar ferimentos graves. Policiais devem mirar da cintura para baixo, mas nem sempre atingem uma re... Foto: Daniel Teixeira/EstadãoMais
Trajeto
O MPL não negocia com antecedência o percurso dos atoscom a PM. Segundo a corporação, a estratégia dificulta o planejamento de trânsito e de segurança... Foto: Nilton Fukuda/EstadãoMais
Queima
Em alguns protestos, o MPL faz atos simbólicos com queima de imagens. Os manifestantes são aa favor da tarifa zero ejá colocaram fogo em catracas de p... Foto: Daniel Teixeira/EstadãoMais
Ação Direta
A tática black bloc é usada por manifestantes que consideram legítima a violência contra grandes empresas e Estado. O grupo atua por meio da chamada "... Foto: Gabriela Biló/EstadãoMais
Ritual
Nos atos, os black blocs usam máscara ou camisa preta para cobrir o rosto. Eles costumam se reunir pouco antes dos protestos ainda sem estar caracteri... Foto: JF Diorio/EstadãoMais
Ritual
Entre os black blocs, o ritual de encobrir a face é chamado de "morfar" - uma referência a série de televisão Power Rangers. Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Tropa do Braço
A PM já usou um "pelotão ninja". O grupo é especializado em artes marciais e foi treinado para atuar sem armas de fogo. Foto: JF Diorio/Estadão
Envelopamento
O "envelopamento" é uma estratégia da PM para isolar manifestantes. A tática foi usada no protesto com maior número de detidos em São Paulo, em fevere... Foto: JF Diorio/EstadãoMais
Ação direta
Os principais alvos dos black blocs são agências bancárias, concessionárias e lojas. Também já depredaram ônibus, lixeiras e telefones públicos. Foto: Felipe Rau/Estadão
Linha de Frente
A maior parte dos adeptos da tática black bloc é formada por jovens. O grupo se considera a linha de frente dos protestos. Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Visibilidade
Os black blocs também atuam para atrair atenção da imprensa - e, consequentemente, para a causa da manifestação. Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Confronto
Black blocs geralmente protagonizam confrontos com a PM. Eles usam pedaços de madeira, pedra, corrente e até coquetel molotov, um explosivo fabricado ... Foto: Nacho Doce/ReutersMais
Para ele, é “estranho” ninguém ter se manifestado também contra o aumento da conta de luz. “Estranho, porque não teve nenhuma manifestação quando a energia elétrica subiu 70%. Vandalismo seletivo, não”, afirmou, destacando que a população paulista sabe diferenciar manifestações legítimas de atos de vandalismo.
Alckmin criticou ainda a postura dos organizadores dos protestos, que deixaram de comparecer a uma reunião marcada com o governo e a Prefeitura para definir o roteiro do ato desta quinta – o MPL divulgou o trajeto das manifestações duas horas antes do início. “Alguns não querem manifestação. Querem confronto com a polícia para aparecer na mídia”, disse o governador. “Aí, você faz uma reunião com disposição de ajudar e ninguém comparece. Não é esse o objetivo.”
O governador afirmou que a Polícia Militar é preparada e vai continuar atuando para evitar a destruição de patrimônio público e privado e também preservar a vida das pessoas. “A PM tem a obrigação de garantir o direito de ir e vir das pessoas. Quem vai mascarado, se esconde, leva coquetel molotov, não é por liberdade de expressão”, afirmou.
Porta-voz do MPL, Vitor de Oliveira negou que os protestos sejam “seletivos” e disse que a alta da tarifa atinge toda a população da Grande São Paulo. “O vandalismo é da PM que ele gerencia, que também é seletiva contra o povo negro e da periferia. Gostaria de saber se o governador tem andado de trem e metrô para saber a qualidade do transporte público”, disse.
Publicidade
Investigação. Na quarta, o secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, disse que o MPL acoberta os mascarados que participam dos atos e depredem o patrimônio público e privado. Na sexta-feira passada, black blocs deixaram um rastro de destruição no centro da cidade durante a primeira manifestação contra o aumento da tarifa do transporte público. Nesta quinta, foi realizado o terceiro ato, sem registro de confrontos até as 21 horas.
Ainda segundo Moraes, os mascarados que foram detidos nas manifestações por atacar ônibus, agências bancárias e prédios públicos serão indiciados pela Polícia Civil por organização criminosa.