Alckmin diz que água não acaba em novembro

Governo também nega que tenha começado a retirar água da segunda cota do volume morto do Sistema Cantareira

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Por Caio do Valle
Atualização:
O governador do Estado de São Paulo, recentemente reeleito, Geraldo Alckmin Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Atualizada às 23h30O governador Geraldo Alckmin (PSDB) negou que o abastecimento de água para a região metropolitana de São Paulo acabará em novembro. Na quarta-feira, a presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Dilma Pena, disse que, se a seca continuar, a água da primeira cota do volume morto do Sistema Cantareira acaba em novembro. Segundo ele, houve “deturpação” da fala da dirigente na CPI da Sabesp, na Câmara Municipal. “Foi deturpada uma afirmação da presidente da Sabesp, doutora Dilma, desinformando a população”, afirmou o governador, durante evento no Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, na zona sul da capital paulista. Ele disse ainda que, além da primeira reserva de volume morto do Cantareira – que já está em uso e que tem 40 milhões de metros cúbicos de água –, existe outra, com 108 milhões de metros cúbicos de água. É essa parte do volume morto que garantirá água para a população caso a primeira acabe, de acordo com o governador. Alckmin negou também que a Sabesp já esteja retirando água desse segundo volume morto, como apontou a Agência Nacional de Águas (ANA). Segundo o governador, foi a ANA que autorizou o uso dessa reserva. Confrontado com a informação de que a Sabesp já está retirando água do segundo volume morto, o governador disse que “não é verdade”. “Se temos ainda 40 bilhões de litros de água da primeira reserva técnica, por que entrar na segunda? Não tem sentido.” O governo do Estado entrou na Justiça para garantir a utilização desse volume (leia texto acima). Sem data. Perguntado sobre até quando, então, vai durar o abastecimento de água, Alckmin respondeu que “não tem data”. Sobre a fala de Dilma Pena, o governador disse que “ela não mentiu”, mas que existe “uma desinformação”. “Isso é mentir para a população. As manchetes não foram isso (o fato de que o primeiro volume morto terminará em novembro). Infelizmente, há uma coisa para desinformar a população.” O governador falou que a falta de água enfrentada por muitas pessoas na Grande São Paulo nos últimos dias ocorreu por problemas técnicos, no fim de semana, em Americanópolis, zona sul da capital, e em Osasco, na Grande São Paulo. Alckmin não esclareceu, porém, os motivos dos casos bem mais antigos de desabastecimento. Ele afirmou que os problemas são “pontuais”, e negou o “racionamento informal”, com os cortes de pressão noturnos feitos pela Sabesp.Desabastecimento. Segundo levantamento feito pelo Estado, pelo menos um em cada quatro distritos da capital já registra falta d’água. A reportagem constatou desabastecimento em parte de 26 dos 96 distritos de São Paulo. O número de bairros com reclamações passou de 30 e alguns relataram desabastecimento pela primeira vez no ano. A Sabesp afirmou que o abastecimento “está em processo de normalização”. A empresa alegou que “as altas temperaturas e a baixa umidade do ar, aliadas à redução na disponibilidade de água, provocaram uma série de problemas de abastecimento”. No Estado, a falta d’água já atinge, total ou parcialmente, 70 municípios. Desses, 39 já adotaram o racionamento, 3 estão em situação de emergência e 1 em calamidade pública.

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