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Air France: dados e conversas são extraídos de caixas-pretas

França promete divulgar até setembro relatório parcial sobre informações; definição sobe DNA sai na 5ª

Por Andrei Netto e correspondente
Atualização:

PARIS - Mesmo depois de dois anos a 3.900 metros de profundidade no Oceano Atlântico, as caixas-pretas do voo 447 da Air France resistiram intactas. A notícia foi anunciada ontem pelo Escritório de Investigação e Análises para a Aviação Civil (BEA), o órgão francês que apura causas do acidente do Airbus que ia do Rio a Paris em 31 de maio de 2009 e caiu no mar, matando as 228 pessoas a bordo. De posse das informações eletrônicas da aeronave e dos diálogos dos pilotos, especialistas devem divulgar um relatório parcial até setembro. A recuperação dos dados do Flight Data Recorder (FDR), a caixa com os dados eletrônicos da aeronave, e do Cockpit Voice Recorder (CVR), o gravador dos diálogos entre a tripulação e sons da cabine, foi realizada ao longo de três dias. Do FDR foram extraídos 1.300 parâmetros eletrônicos, gravados nas últimas 25 horas de funcionamento. Do CVR, as duas últimas horas de conversas e sons da cabine. "As leituras permitiram recolher integralmente os dados contidos no gravador de parâmetros (FDR) e nas gravações fônicas (CVR) das duas horas de voo", informou o BEA. Em entrevista ao Estado há 10 dias, Jean-Paul Troadec, diretor do BEA, disse que as gravações são "essenciais" para esclarecer as causas do acidente - ainda que não sejam as únicas informações usadas na investigação. De acordo com o comunicado do BEA, "o conjunto dos dados deve ser agora objeto de análise detalhada". "Os trabalhos devem durar várias semanas, ao fim das quais um relatório será tornado público", completa o informe. Troadec reiterou ontem que a investigação ainda será longa. "Vamos usar o tempo necessário antes de fornecer mais elementos. As gravações são fator essencial à compreensão do acidente, mas não o único." Transparência. Uma das preocupações do BEA durante o exame das caixas-pretas foi garantir a transparência do procedimento. A extração dos dados foi filmada e gravada diante de representantes de órgãos de investigação de acidentes aéreos de Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido e Brasil, por meio do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Completaram a equipe dois especialistas nomeados pelo governo francês.

 

Vítimas. Os exames de DNA sobre amostras tiradas dos dois corpos resgatados do fundo do mar pelas equipes do navio Ile de Sein estão em fase final. Até quinta-feira, a Justiça de Paris deve informar se foi possível identificá-los. A informação deverá determinar o resgate ou não dos demais corpos no Atlântico. Estima-se que pelo menos 50 corpos estejam no fundo do oceano.

 

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