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Agentes penitenciários impedem entrada de detentos em presídio de Pinheiros

Desde a manhã desta sexta-feira, cerca de 50 homens da Tropa de Choque estão no local; clima é tenso também no CDP de Belém

Por Laura Maia de Castro
Atualização:

SÃO PAULO - Agentes penitenciários conseguiram impedir a entrada de mais 44 detentos no Centro de Detenção Provisória (CDP) Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, nesta sexta-feira, 21. Os agentes bateram palmas e gritaram "Pinheiros, Pinheiros" depois que o delegado do 91º DP Daniel Coen saiu com a notícia de que levaria os presos para outro local depois de se reunir com os diretores da unidade.

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A Polícia Civil também não conseguiu a inclusão de novos detentos no CDP 4 de Pinheiros, onde 19 presos foram barrados.

Desde de a manhã desta sexta-feira, cerca de 50 homens da Tropa de Choque estão no local. Por volta das 13 horas, eles arrombaram o portão da unidade para garantir a entrada e a saída de comboios e outras viaturas que faziam o transporte de presos. A tropa usou os escudos e spray de pimenta para afastar os agentes que estavam em frente ao portão.

Agentes não confirmaram se neste sábado haverá visita na unidade. "A maioria dos agentes está mais inclinada a não permitir a visita aqui, mas vamos ver o clima amanhã" disse um grevista.

O presidente do Sindasp, Daniel Grandolfo, disse que as visitas dos centros prisionais estão mantidas nesse fim de semana em todo o Estado. "Vai ter visita normal tanto no sábado quanto no domingo. Uma ou outra unidade pode ser que decida por bloquear a visita, mas essa não é a orientação." Grandolfo afirmou que a greve está mantida.

Belém. Na porta do CDP de Belém, na zona leste da cidade, o clima é de tensão entre os agentes penitenciários em greve com a possibilidade de chegada de comboios de presos escoltados pela Tropa de Choque. "Ninguém confirmou se viriam hoje, mas acho que se vier é de surpresa", disse um agente que preferiu não se identificar. Blocos de cimento e cones já dificultam a chegada de carros até o portão.

No início da tarde, os grevistas impediram a entrada de um advogado que ligou para a Policia Militar. "Já é a segunda vez que isso acontece esta semana. Está em horário comercial, quero falar com o diretor da unidade, mas não consigo entrar", disse o advogado Otacílio Guimarães de Paula.

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Duas viaturas da PM foram até o local e conversaram com os agentes, mas instruíram o advogado a ir até o 81º DP porque sem decisão judicial não poderiam fazer nada em relação à situação de greve.

Visitas. No CDP Belém, familiares já começam a chegar para a visita marcada para este sábado. Segundo eles, a mulher de um detento organiza a partir das 17 horas as senhas para que possam dormir em casa e voltar no outro dia.

"Disseram para a gente que teria visita mesmo com a greve, por isso estou aqui", disse a desempregada de 18 anos que espera para visitar o marido preso há 6 meses na unidade.

De acordo com os grevistas do CDP Belém, neste sábado a visita deve acontecer normalmente na unidade. "Nossa briga não é contra o preso ou a família dele. Pela segunda vez, vamos permitir a visita, mas se nossas reivindicações não forem atendidas, na semana que vem não terá", disse um grevista que preferiu não se identificar.

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A filha de um detento teme que não haja a possibilidade de entrar amanhã. "Ninguém nos deu certeza ainda. Hoje foi aniversário do meu pai, queria muito trazer alguma coisa especial no sábado", disse a operadora de telemarketing, de 24 anos.

No final da manhã, o deputado Major Olímpio esteve na unidade para conversar com os grevistas. Ele disse ser a favor dos agentes penitenciários, mas contra o impedimento das visitas. "Apoio integralmente a greve porque ela é o limite do desespero dos agentes, mas acredito que não deva haver obstáculos a visita porque isso pode desencadear rebeliões em série e desequilibrar ainda mais o sistema prisional", disse o deputado.

Capela do Alto. Cerca de 40 detentos transferidos de várias cadeias da região foram barrados por agentes penitenciários em greve, na entrada do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Capela do Alto, região de Sorocaba, na manhã desta sexta-feira, 21. No início da tarde, eles continuavam algemados, do lado de fora das viaturas, aguardando uma solução para o impasse. A maior parte dos detentos provinha da cadeia pública de Capão Bonito e a razão da transferência era a superlotação da unidade. Outros presos tinham sido transferidos de São Roque, cuja cadeia também está superlotada. Viaturas da Polícia Militar foram deslocadas para o CDP, mas os policiais aguardavam as negociações entre a direção da unidade e os grevistas.

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