Advogada acha cedo para pedir habeas corpus para Lindemberg

Lindemberg recebeu a visita de dois advogados; advogada afirma que ele não sofre represálias de outros presos

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Por Simone Menocchi
Atualização:

Lindemberg Alves, de 22 anos, recebeu a visita de seus advogados, Ana Lúcia Assad e Edson Pereira Belo da Silva, pela segunda vez desde que foi transferido para a P-2 de Tremembé (SP), no último dia 20. Os dois chegaram por volta das 10 horas desta quinta-feira, 30, e ficaram três horas dentro do estabelecimento. Após sair da visita, a advogada de Lindemberg afirmou que ainda é cedo para pensar em um pedido de habeas corpus. Mesmo assim, disse que a defesa ainda estuda todas as possibilidades, uma vez que nada foi juntado ao processo, como laudos periciais e provas. "Seria inconseqüente falar sobre isso agora", frisou. Veja também: Pai de Eloá tem 15 dias para se apresentar ou será julgado  Juiz aceita acusação contra Lindemberg e pai de Eloá Leia a íntegra da denúncia entregue pelo promotor  Perguntas e respostas sobre o caso Eloá  Especial: 100 horas de tragédia no ABC   Mãe de Eloá diz que perdoa Lindemberg  Imagens da negociação com Lindemberg I  Imagens da negociação com Lindemberg II  Especialistas falam sobre o seqüestro no ABC Galeria de fotos com imagens do seqüestro  Todas as notícias sobre o caso Eloá      Na quarta, Lindemberg deixou o cárcere de isolamento do RO (Regime de Observação) oficialmente, mas funcionários de dentro da penitenciária garantem que há pelo menos uma semana ele já estava fora do RO, em uma cela com outros dois presos. A informação foi negada pelos advogados. A P-2 fica a 138 quilômetros de São Paulo e é de segurança máxima. A unidade recebe presos com risco de vida por cometerem crimes hediondos, além de ex-policiais, filhos de funcionários públicos, ex-funcionários públicos. Os advogados de Lindemberg Alves chegaram em um Passat e conversaram menos de cinco minutos com a imprensa depois da visita. Eles disseram que "foram dar ciência ao cliente sobre as denúncias oferecidas e acatadas contra ele pela Justiça". Lindemberg é acusado de quatro crimes e pode pegar até 70 anos de prisão. Ana Lúcia Assad informou que Lindemberg manteve contato com os demais presos e não sofreu represálias. Segundo ela, o jovem permanece em uma cela sozinho do Pavilhão 1, reservado a presos sem curso universitário, porque há disponibilidade de vagas, já que o local tem cerca de 310 presos e não há superlotação. No mesmo pavilhão estão os irmãos Cristian e Daniel Cravinhos, assassinos confessos do casal Marísia e Manfred Von Richthofen, em 2002. "Ele está se recuperando e, gradativamente, voltando à normalidade", acrescentou. Conforme a advogada, Lindemberg continua abalado e ficou muito emocionado e triste por causa da morte da ex-namorada, mas não chora. "Procuramos não tocar muito nesse assunto para tentar trazê-lo à realidade, pois ainda está voltando ao que julgamos ser sua normalidade", comentou. Agressões Em relação às denúncias de eventual agressões contra seu cliente durante a prisão, a advogada disse que também estão apurando se houve algum exagero. Na terça-feira, 28, a Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo determinou às corregedorias das polícias Civil e Militar que investiguem as agressões por causa de denúncias feitas pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (Condepe). Com a saída do Regime de Observação, Limdemberg também está apto a receber visitas de parentes. Segundo a advogada, ainda há algumas burocracias pendentes para que haja o fornecimento do cartão de visitas por parte da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP). "Faltam alguns documentos para serem entregues, mas tudo indica que já receberá visitas nesse final de semana", observou. Lindemberg é acusado por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima) de sua ex-namorada Eloá Cristina Pimentel e por tentativa de homicídio duplamente qualificado contra Nayara Rodrigues, 15 anos, amiga de Eloá. Ele ainda responderá por tentativa de homicídio qualificado contra o sargento Atos Antonio Valeriano, durante a invasão da PM ao cativeiro e outras quatro denúncias por disparo de arma de fogo e cinco vezes por cárcere privado - duas vezes em relação à Nayara e as demais referentes a Eloá, e aos jovens Victor e Iago, libertados no primeiro dia do seqüestro. As denúncias foram acatadas na terça pela Justiça de Santo André, no ABC paulista.

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