
02 de julho de 2011 | 00h00
Morais, de 22 anos, havia sido levado para a delegacia na noite de terça-feira. Um médico que passava de carro pela Praça Oswaldo Gogliano Vadico, no Paraíso, zona sul, reconheceu o rapaz que o assaltara em junho de 2007 perto dali, na Avenida Bernardino de Campos. Acionados, policiais civis flagraram Morais com uma pistola de brinquedo. A Justiça decretou a prisão temporária do acusado.
Morais foi transferido para a carceragem do 77.º DP, na Santa Cecília, onde dormiu. Na manhã do dia seguinte, dois policiais do 36.º DP buscaram o rapaz para que pudesse ser submetido a reconhecimento por outras vítimas identificadas pela polícia. Improvisaram uma sala nos fundos no 1.º andar da delegacia.
Durante a manhã, cinco pessoas reconheceram Morais. Três disseram ter sido atacadas na Avenida Bernardino de Campos, entre abril e junho deste ano. A quarta testemunha era a mulher do médico assaltado em 2007 e a quinta, uma mulher roubada no dia 17 em Santo Amaro.
Encerrada a sessão, às 14 horas, Morais pediu para comer. O policial deu um prato de macarrão e soltou a algema do braço direito para ele poder usar a colher. Ao terminar o almoço, o rapaz pediu um copo d"água. O policial recolheu o prato e a colher, saiu, trancou a porta e foi para a cozinha, ao lado. Na volta, parou no banheiro. Ficou fora por cinco minutos. Quando voltou, Morais não estava mais na sala.
O delegado Nilsson foi avisado às 14h40. Os policiais fizeram buscas na delegacia, na Vila Mariana e em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, onde Morais disse que morava. Não o encontraram.
O delegado havia pedido atenção com Morais, que foi internado mais de uma vez na Fundação Casa. Em 8 de abril, ele saiu em liberdade condicional da Penitenciária de Bauru (SP), onde cumpria pena por assaltar um motorista na Avenida 9 de Julho, em 2009. "Não tem outro termo: é descuido", disse Nilsson. Ele ressaltou que, apesar da falha, os dois policiais encarregados de cuidar de Morais são "bons". A dupla assinou um termo circunstanciado na Corregedoria por negligência e pode ser punida administrativamente.
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