Antônio Roberto Cerato foi condenado às 23h05 desta segunda-feira, 28, pelo assassinato do empresário João Carlos Ganme, um dos herdeiros do hospital 9 de Julho, morto em outubro de 1999 com 37 punhaladas nas costas. Cerato foi condenado por homicídio triplamente qualificado e é o terceiro acusado do crime a receber a sentença - o mandante, Wagner Meira Alves, conseguiu novo adiamento com um habeas-corpus no Tribunal de Justiça. Acusado de assassinato troca de advogado e adia julgamento Cacildo de Lopes, autor das facadas, foi morto meses depois do crime, supostamente por pedir mais que os R$ 20 mil combinados pela encomenda do assassinato. Os outros dois sentenciados tiveram pena de 14 anos e 17 anos, por auxiliar na elaboração do crime. O júri, composto por sete pessoas, aceitou a tese da acusação e sentenciou Cerato por ter ameaçado o empresário com uma arma e amarrado suas pernas e braços com fita adesiva. Os advogados de defesa alegavam que Cerato acompanhou Lopes sem saber o que ele faria, que segurou a arma mas não ameaçou ou amarrou a vítima e que evitou que a secretária de Ganme, rendida na ação, também fosse assassinada por Lopes para evitar que os delatasse. No tribunal, Cerato confirmou que foi ao escritório da vítima com Lopes. Eles simularam a entrega de um envelope para a secretária e em seguida a renderam. Em juízo, Cerato disse que ficou no banheiro com a secretária, e, após ouvir barulho de briga por 30 segundos, foi à sala e viu Cacildo de joelhos, com um punhal nas mãos, desferindo as 37 facadas nas costas do empresário, que estava amarrado. Nesta segunda, Cerato alegou que sofreu "pressão psicológica" dos policiais e da família da vítima para declarar que ajudou Cacildo a render e amarrar Ganme com fita plástica. "O avião foi fretado pelo pai da vítima e ele afirma que o delegado o ameaçou jogar de lá de cima se não confessasse", alegou o advogado Silvio Carlos Marsiglia ao júri. "Ele impediu que a secretária também fosse morta". "Não vou confessar um crime que não cometi", argumentou Cerato, após ouvir da magistrada que a confissão poderia lhe render atenuantes na condenação. "Fui convidado pelo Cacildo para vir para São Paulo, não sabia do que se tratava", disse, atribuindo toda a culpa ao colega, morto em 2000. A argumentação, no entanto, não convenceu o júri, que após 9 horas deu a sentença condenando o réu no 1º Tribunal do Júri da Barra Funda, conduzido pela juíza Vanessa Ribeiro Mateus. Mandante Sob a alegação de que tinha o direito de constituir advogado de sua confiança (sua defensora, Alessandra Sbrissa Abud teve problemas na gravidez e alegou não poder comparecer) e à produção de provas pertinentes, o mandante do crime, Wagner Meira Alves, conseguiu o adiamento de seu julgamento - nenhuma data foi estipulada ainda, e fontes ligadas ao caso acreditam que isso não deva ocorrer ainda esse ano. "Isso é escandaloso", disse o promotor Maurício Antonio Ribeiro Lopes, sobre a estratégia da defesa de Alves, que já trocou 12 vezes de advogado para postergar o processo. Preso no CDP de Guarulhos por associação ao tráfico em uma operação da Polícia Federal, Alves é agora o único dos cinco acusados do assassinato de Ganme, em outubro de 1999, ainda não julgado. Ele teria pago R$ 120 mil pela morte de Ganme, que administrava as fazendas da família e teria descoberto que Alves desviava gado e madeira de uma de suas propriedades. À época Ganme tinha 39 anos, era casado e seu filho tinha dois anos de idade. Texto alterado às 00h28 para acréscimo de informações.