26 de outubro de 2013 | 17h05
Texto atualizado às 21h50
No dia seguinte à depredação do Parque D. Pedro na região central de São Paulo, 8 dos 92 detidos pela polícia continuavam presos, incluindo o manifestante Paulo Henrique Santiago dos Santos, de 24 anos, acusado de agredir o coronel da PM Reynaldo Simões Rossi. Ele foi identificado nas imagens feitas durante a agressão, autuado e enviado ao CDP do Belém. A ação ainda causou revolta na cúpula da PM, que prometeu uma "resposta dura" aos grupos black blocs.
No meio da confusão da sexta-feira à noite, o coronel Rossi, chefe do Comando de Policiamento de Área Metropolitana 1 (CPAM1), perdeu a arma, o rádio e foi atingido por uma placa de ferro por manifestantes mascarados. Ele sofreu fratura na escápula, foi submetido a uma tomografia no Hospital das Clínicas e recebeu alta neste sábado. Em entrevista à tarde, integrantes da Polícia Militar chegaram a chamar os agressores de "bando de criminosos". O governador Geraldo Alckmin e a presidente Dilma Rousseff também repudiaram as agressões e os atos de vandalismo.
Inicialmente a manifestação realizada pelo Movimento Passe Livre (MPL) em defesa da gratuidade do transporte público transcorreu pacificamente. Ao chegar na região central, um grupo de black blocs começou o enfrentamento. Sete suspeitos de vandalismo estão encarcerados no 2.º Distrito Policial, acusados de dano qualificado, formação de quadrilha e explosão de bombas. Outros 3 menores também foram detidos pela polícia e encaminhados para a Fundação Casa.
A invasão do Terminal Dom Pedro II levou à destruição de dez ônibus, bilheterias e 17 caixas eletrônicos. Mangueiras de incêndio foram arrancadas e orelhões, danificados. Houve ainda assaltos a lojas.
Recuperação. O porta-voz do Centro de Comunicação Social da Polícia Militar, major Mauro Lopes, afirmou neste sábado que o coronel Rossi "está se recuperando bem". "Mas ainda está um pouco abalado", disse o major, durante entrevista coletiva convocada pela Secretaria da Segurança. Lopes afirmou também que a cidade foi violentada "por um bando de delinquentes e marginais". "O Estado vai dar uma resposta muito forte a esse bando de criminosos", disse.
Segundo ele, o ataque ao coronel foi covarde, dado o perfil conciliador do militar. "O coronel Rossi tem um perfil negociador, conciliador. Não se esperava uma agressão tão covarde, tão conjunta", disse. O oficial comanda operações que acompanham as manifestações desde junho. Ontem a polícia encontrou o rádio do coronel. Mas a arma continuava desaparecida.
Investigação. A Secretaria da Segurança instaurou neste mês uma força-tarefa integrada com Ministério Público Estadual, a PM e a Polícia Civil. O objetivo das forças de segurança do Estado é individualizar a conduta de cada um dos manifestantes que foram detidos em atos de vandalismo e agressões.
Foi aberto pela secretaria um inquérito para tentar comprovar formação de quadrilha dos envolvidos em casos semelhantes aos de agressão ao coronel. Visando à individualização da conduta e à identificação dos manifestantes, as autoridades do Estado formaram um núcleo de inteligência para monitorar os protestos nas redes sociais.
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