Acessibilidade nos museus de São Paulo se restringe à estrutura física

Dos dez museus estaduais mais visitados na capital, apenas três possuem um conjunto de materiais complementares para portadores de necessidades especiais

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Por Breno Pires e Danielle Villela
Atualização:

SÃO PAULO - Sete dos dez museus mantidos pelo governo de São Paulo mais visitados na capital não desenvolvem ações de acessibilidade além das adaptações na estrutura física. Apenas a Pinacoteca, o Museu do Futebol e o Museu da Casa Brasileira possuem um conjunto de materiais complementares para auxiliar pessoas com deficiências mentais, visuais, auditivas e físicas na compreensão das obras de arte exibidas. Além desses três, o Estado visitou o Catavento Cultural, o Museu da Língua Portuguesa, o Museu de Arte Sacra, o Museu Afro Brasil, o Museu da Imagem e do Som, o Memorial da Resistência e a Casa das Rosas.

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Deficientes auditivos, por exemplo, só encontram videoguia explicativo na Pinacoteca. É possível ter visitas guiadas por um educador habilitado na língua brasileira de sinais (LIBRAS) em sete dos dez museus, mas a recomendação é que o portador de deficiência auditiva faça o agendamento prévio da visita. O acompanhamento só não é oferecido no Catavento Cultural, na Casa das Rosas e no Museu da Casa Brasileira.

Piso tátil e audioguias para auxiliar pessoas com deficiência visual só são encontrados na Pinacoteca e no Museu do Futebol. Nesses dois espaços culturais e no Museu da Casa Brasileira são oferecidos também conteúdos em Braille.

De forma geral, o recurso mais utilizado pelos museus é a interação através do tato com obras originais, maquetes arquitetônicas, miniaturas e réplicas dos objetos em exposição. Esses materiais são utilizados em visitas guiadas com portadores de deficiências intelectuais, visuais e auditivas. Apenas três dos museus visitados não apresentam o recurso - a Casa das Rosas, o Museu da Língua Portuguesa e o Museu da Imagem e do Som.

No Museu Afro Brasil, por exemplo, os visitantes podem manipular esculturas e máscaras africanas, instrumentos musicais, maquetes tridimensionais com legendas em tinta e Braille, reproduções de obras de arte e jogos educativos. Já no Museu da Casa Brasileira, os portadores de deficiência visual recebem luvas plásticas para tocar nos móveis originais em exposição. "É fundamental desenvolver metodologias de acesso ao conteúdo em exposição e não apenas ao espaço", disse Thelma Lobel, coordenadora do Núcleo Educativo do MCB.

Apesar da carência de recursos para pessoas com necessidades especiais interagirem com as obras de arte, todos os museus visitados pela reportagem possuem rampas e elevadores de acesso, além de banheiros adaptados para cadeirantes. Algumas seções do Catavento Cultural só podem ser acessadas através de escadas. Na entrada da Casa das Rosas, há um lance de cinco degraus, sem rampa contígua. O Museu Afro Brasil não dispõe de elevador em suas instalações, mas é possível locomover-se apenas pelas rampas.

No evento foi anunciada a criação de um fundo de R$ 2 milhões a fim de viabilizar a implantação de recursos de acessibilidade em produtos culturais diversos, em um plano conjunto da Secretaria de Estado da Cultura e da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Apesar de não ter sido definida uma cota para os museus, o secretário afirmou que será criado um edital específico para projetos que desenvolvam estratégias que tornem os conteúdos dessas instituições mais acessíveis a pessoas com diferentes tipos de deficiência.

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"Nossa expectativa é que os recursos possam atingir aqueles museus que ainda não desenvolvam as atividades e que ainda, infelizmente, não têm esses programas, para que eles possam tomar consciência da necessidade de implantação e criar esses processos de acessibilidade comunicacional plena", afirmou Araújo.

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