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Acareação pode confrontar réus e mãe

Para defesa, acarear é 'direito', mas promotor não vê 'cabimento'; advogado dispensou as testemunhas, com exceção de Ana Carolina

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Por Redação
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Pela terceira noite seguida, Ana Carolina de Oliveira, mãe de Isabella, foi obrigada a dormir no Fórum de Santana. A defesa do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá insistiu que ela permanecesse retida e incomunicável para uma eventual acareação, o que será decidido hoje, após o interrogatório dos réus.O juiz Maurício Fossen, do 2.º Tribunal do Júri, chegou a indeferir o pedido do advogado Roberto Podval, alegando que a lei não previa a possibilidade de acareação. "Não tem cabimento, doutor!", disse Fossen. "É direito meu acarear", rebateu Podval. O promotor Francisco Cembranelli também se insurgiu contra a permanência de Ana Carolina: "A testemunha está deprimida". Quando o clima entre defesa e acusação começava a esquentar, o juiz interveio de maneira enérgica e encerrou a discussão: "Os senhores se acalmem, nós ainda não entramos nos debates".A sessão ficou suspensa por quase uma hora para que o juiz redigisse os fundamentos de sua decisão de liberar Ana Carolina. Às 19h07, Fossen veio ao microfone para explicar que voltara atrás. "Fui ao meu gabinete para estudar a questão e, pela redação da lei, entendi que minha decisão inicial poderia ferir o princípio constitucional da plenitude de defesa", afirmou o magistrado. "No plenário do júri, em que esse princípio é ainda mais amplo, seria uma incongruência enorme (vetar a possibilidade de acareação)."Para Cembranelli, a insistência da defesa em manter a mãe de Isabella no Fórum "é um gesto de desespero". "Ana Carolina está abalada, deprimida. Isso terá uma consequência psicológica muito séria", disse. Podval, por sua vez, defendeu sua posição. "Só vou ter como avaliar a necessidade ou não de uma acareação quando acabar o interrogatório dos réus", afirmou.Dispensa. Terminado o depoimento da perita Rosângela Monteiro, a defesa do casal Nardoni dispensou nove de suas testemunhas e ouviu apenas duas ? o investigador Jair Stirbulov, e o jornalista Rogério Pagnan, da Folha de S. Paulo. Pagnan falou sobre a entrevista com o pedreiro Gabriel Santos Neto, que havia lhe informado sobre um arrombamento em um canteiro de obra vizinho ao Edifício London. O promotor Cembranelli quis mostrar que o repórter deveria ter ouvido mais pessoas.O depoimento do investigador também trouxe poucas novidades. Stirbulov deu detalhes sobre quando levou Anna Jatobá ao apartamento, no dia seguinte ao crime. A defesa do casal quis saber se ele havia comido os ovos de Páscoa que estavam no apartamento ou se tinha visto alguma das autoridades que estavam no local ? como delegados e peritos ? se alimentando na cena do crime. "Ninguém comeu ovo, bebeu refrigerante ou água nem assistiu TV." / BRUNO TAVARES, ELVIS PEREIRA E MARCELO GODOY

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