
17 de fevereiro de 2009 | 06h02
A Acadêmicos do Tucuruvi, quarta escola do Grupo Especial a desfilar na segunda noite no Anhembi, recorreu à criatividade e ao improviso para driblar a falta de verba. O carnavalesco Fábio Borges utilizou retalhos de fantasias do ano passado para montar as roupas e alegorias que falarão da religiosidade e do ouro no enredo Ouro Preto - O esplendor de uma Vila Rica, relicário da pátria, patrimônio da humanidade. Veja também: Cobertura completa do carnaval 2009 Blog: dicas para quem quer curtir e para quem quer fugir da foliaEspecial: mapa das escolas e os sambas do Rio e de SP "A falta de verba foi um desafio, mas vamos levar para a avenida um carnaval luxuoso e conseguimos fazer tudo que havíamos planejado", afirma o carnavalesco. Segundo ele, o objetivo da agremiação não será contar a história de Ouro Preto na avenida. O desfile, afirma, foi divido por tópicos (religiosidade, ouro e os mestres e a arte), mostrando o que a exploração significou para a então Vila Rica, atual Ouro Preto. "A escola também faz essa homenagem porque Ouro Preto é a única cidade do Brasil que foi tombada como patrimônio da humanidade pela Unesco", afirma. Os quatro temas estarão já no abre-alas. A alegoria será uma representação do altar da Igreja Matriz Nossa Senhora do Pilar. No interior haverá a maquete da cidade, como se ela fosse consagrada a Deus, segundo o carnavalesco. A alegoria também representará a chegada dos bandeirantes e a importância do ciclo do ouro para o desenvolvimento da cidade. A exploração do ouro virá no segundo carro. A alegoria trará esculturas de escravos segurando peneiras com pepitas de ouro, que eram escuras por causa do minério de ferro. Na terceira alegoria, a Tucuruvi falará da religiosidade. Além de exaltar o catolicismo e os rituais dos escravos, a parte lateral do carro terá painéis de azulejos típicos do Portugal. "Eles simbolizam a presença da coroa portuguesa, como se Ouro Preto fosse a joia da monarquia", diz. E foi dessa joia que surgiu o maior artista da arte barroca do mundo, Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. A quarta alegoria fará uma homenagem ao artista e a seu parceiro, Manuel da Costa Ataíde, conhecido, o Mestre Ataíde, que pintava as madeiras e outras obras esculpidas por Aleijadinho. O carro será uma representação do primeiro trabalho do escultor, a Igreja São Francisco de Assis, com detalhes copiados da pintura original. Chico Rei O desfile prosseguirá com a vida política da então Vila Rica, a cobrança do quinto do ouro, e a história de Chico Rei, ex-escravo que comprou sua alforria, se tornou senhor de uma mina e comprou a liberdade de seus compatriotas. Na avenida, ele será representado pelo ator Milton Gonçalves, que virá no chão com outras 20 pessoas para encenar seu cortejo. O desfile vai terminar lembrando que Ouro Preto foi tombada pela Unesco. A última alegoria terá 14 estátuas de 8 metros de altura, que representam a liberdade e a glória da cidade. As esculturas farão movimentos giratórios, segundo o carnavalesco. Velha guarda A Acadêmicos do Tucuruvi é, junto com a Mancha Verde, a única escola que entra no Anhembi sem a velha guarda. Segundo o presidente da agremiação, Huasein Abdo El Selan, conhecido como seu Jamil, a Tucuruvi está sem a ala há cerca de cinco anos porque a maioria dos antigos integrantes já morreu e os que estão vivos não têm condições de saúde para desfilar. "Sinto falta da ala. Espero que a nova geração não nos abandone."
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