‘Abraçou minha mãe e nos protegeu’, diz filho de Herzog sobre d. Paulo

'Mais que uma pessoa, um conjunto único de valores que toda a sociedade deve compartilhar. Cardeal Coragem'

PUBLICIDADE

Por Ivo Herzog
Atualização:

“Dia 27 de outubro de 1975, conheci d. Paulo. Eu tinha 9 anos e estava na tempestade da morte do meu pai. Excesso de informação para saber quem era d. Paulo naquele dia. Voltaríamos a nos encontrar 4 dias depois no ato ecumênico na Catedral da Sé. Ali comecei a aprender quem era d. Paulo. Porém, algo mais importante aconteceu naquele momento. Filho mais velho, vendo o mundo acabar, criei a fantasia de que seria capaz de cuidar da minha família. Minha mãe, minha avó e meu irmão. Igreja era um objeto distante do nosso mundo. Faz 41 anos. Mais do que a imagem, que o tempo corrói, existe algo lá dentro de mim que me mudou para sempre. Um sentimento de gratidão infinita e respeito por aquele homem, tranquilo e sereno, abraçando a minha mãe. Acolhendo-a. Dando carinho e deixando-a pôr para fora toda a dor que sentia. Protegendo-nos da tragédia do momento. Ali nascia d. Paulo para mim. Mais que uma pessoa, um conjunto único de valores que toda a sociedade deve compartilhar. Cardeal Coragem. Cardeal da Paz.”

* Filho do jornalista Vladimir Herzog, morto na ditadura

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.