'A verdade é filha do tempo', diz Haddad sobre acidentes nas Marginais

Em rede social, ex-prefeito afirma que redução de velocidade é recomendação da OMS e ironiza o fim das bolsas de graduação do Ciência Sem Fronteiras

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Por Juliana Diógenes
Atualização:

SÃO PAULO - Responsável pela política de redução dos limites de velocidade nas Marginais do Pinheiros e do Tietê, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) se manifestou na manhã desta terça-feira, 4, sobre o aumento de 10,4% no número de acidentes com vítimas nas duas vias no segundo mês do Programa Marginal Segura, do prefeito João Doria (PSDB).

'Não tenho a menor pretensão de que argumentos racionais façam diferença para aqueles que optaram pelo obscurantismo', diz Haddad Foto: Hélvio Romero/Estadão

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No post intitulado "A verdade é filha do tempo", publicado no Facebook, Haddad lembra que a redução de velocidade máxima é uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e ironiza o fim das bolsas de graduação do programa Ciência Sem Fronteiras.

"Por que a Organização Mundial da Saúde recomendou a todos os prefeitos do planeta que reduzissem a velocidade máxima das vias urbanas? Porque a ciência demonstrou que isso significava menos congestionamentos, menos acidentes, menos poluição e, portanto, mais saúde, física e mental", escreveu o ex-prefeito.

"Não tenho a menor pretensão de que argumentos racionais façam diferença para aqueles que optaram pelo obscurantismo. Nem acredito que as instituições que servem hoje à politicagem ajam em favor da verdade. Mas, é bom saber que a ciência, pelo menos no resto do mundo, avança sem fronteiras", afirmou.

Procurada, a gestão Doria não quis se manifestar sobre a declaração de Haddad.

Acidentes. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo registrou 117 acidentes com vítimas nas Marginais no segundo mês de vigência dos novos limites de velocidade nas duas vias, entre 24 de fevereiro e 26 de março. Do total, 93 envolveram motos, houve quatro atropelamentos e duas mortes de motociclistas. 

O número é 10,4% maior do que o registrado nos primeiros 30 dias de aumento dos limites de velocidade feito pela gestão Doria, quando foram constatados 106 ocorrências com vítimas nas Marginais, sendo uma morte.

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Os limites subiram para 60 km/h nas pistas locais, 70 km/h nas centrais e 90 km/h nas expressas a partir do dia 25 de janeiro deste ano.

Após o fechamento do balanço do segundo mês, a CET registrou a quarta morte de um motociclista desde o aumento dos limites de velocidade. O acidente fatal aconteceu na última quarta-feira, 30, na pista central da Marginal do Tietê no sentido da Rodovia Castelo Branco, próximo à Ponte Orestes Quércia, conhecida como Estaiadinha.

O balanço divulgado pela CET se refere aos dados operacionais coletados nas vias pelos agentes de trânsito da companhia, que só foram divulgados nesta gestão após o início do Programa Marginal Segura.

A equipe de Doria afirma que eles não podem ser comparados com os dados operacionais da CET na gestão Haddad, quando os limites foram reduzidos para 50 km/h, 60 km/h e 70 km/h, porque há 67% mais agentes operando nas Marginais agora, o dobro de câmeras de monitoramento em operação e o tempo de atendimento de uma ocorrência caiu 25%, de oito para seis minutos.

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Segundo a CET, a média mensal de acidentes com vítimas registrados pelos agentes de trânsito em 2016 foi de 64. De acordo com a atual gestão, os únicos dados comparáveis são os dados consolidados de acidentes que a CET divulga anualmente com base nos registros de boletins de ocorrência feitos pela Polícia Civil. Ainda de acordo com a companhia, esses dados consolidados continuam caindo mesmo após o aumento dos limites de velocidade.

Mas, como a CET precisa analisar entre 6 e 8 mil boletins de ocorrência por mês e checar os detalhes das ocorrências, os dados consolidados podem levar de 3 a 4 meses para serem fechados. O balanço anual de acidentes de trânsito em toda cidade em 2016, por exemplo, ainda não foi finalizado e só deve ser divulgado nos próximos meses.