A internação involuntária é uma solução?

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Por Redação
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Sim Já fazemos a internação involuntária em São Paulo, não é novidade. Na esfera pública de São Paulo, cerca de 20% a 30% das internações são involuntárias ou compulsórias. No privado, é muito maior. Sou a favor tanto da internação involuntária quanto da compulsória. Se o governo federal não está falando na compulsória é por pura falta de conhecimento do cenário do crack, porque uma hora ou outra ele terá de procurar um juiz para garantir o atendimento a um usuário de crack. É a única maneira, por exemplo, de internar as pessoas com problemas judiciais. O direito à vida deve sempre prevalecer, é o que diz a Constituição. O que você vai fazer com as cerca de 200 mulheres grávidas que estão hoje na cracolândia? Deixar elas morrerem lá? É preciso garantir o atendimento delas e a sobrevivência dos bebês. E o único jeito é internar involuntariamente ou compulsoriamente.Não A internação involuntária precisa ser uma medida excepcional, a ser tomada quando envolve risco de vida do usuário de crack. O desejo de se livrar da dependência química é importante para o sucesso do tratamento. Outro ponto fundamental na discussão é que a dependência do crack não deve ser só vista como um problema de saúde. Existe uma ampla dimensão humanitária do problema que deve ser levada em consideração. Para conseguir mudar o destino do dependente, é preciso reconstruir os laços sociais que foram rompidos quando ele passou a usar a droga: na família, na escola, na comunidade, fazer com que ele se sinta bem ao voltar de onde veio. No Projeto Quixote da República, essa abordagem humanitária tem dado bons resultados. Fizemos nos últimos 12 meses 3.555 abordagens e 209 atendimentos: 58 foram "rematriados" (voltaram para suas casas) e 151 estão em processo de "rematriamento".

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