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A história do bauru, o sanduíche que sem tomate é misto

O que um estudante de direito e uma cartilha de alimentação têm a ver com a origem de um dos sanduíches mais famosos do Brasil?

Por Luiz Felipe Barbiéri
Atualização:
O famoso bauru, que em sua receita original leva rosbife e quatro tipos de queijo derretidos em 'banho maria' Foto: Assessoria/Ponto Chic

Casemiro Pinto Neto chegou a São Paulo vindo do interior, na década de 30, para estudar Direito no Largo São Francisco. Ali, ele logo recebeu o apelido de Bauru, uma referência à cidade em que nasceu.

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Neto passava parte do tempo livre com os colegas em outro largo, o do Paissandu. Foi lá que nasceu o Ponto Chic, um dos bares mais tradicionais de São Paulo. Inaugurada em 1922, a casa surgiu durante a Semana de Arte Moderna, e não demorou a virar reduto de intelectuais, artistas, modernistas e estudantes. Hoje, há uma filial no Paraíso, na praça Oswaldo Cruz.

Em uma noite de 1937, Neto resolveu se engajar temporariamente em outra área que não o direito: a culinária. “Ele estava lendo um livreto de alimentação para as crianças que a Secretaria da Educação e Saúde tinha lançado na época”, conta Rodrigo Alves, proprietário do Ponto Chic. O livreto em questão era o “Livro das Mamãezinhas”.

Escrita pelo ex-prefeito Wladimir de Toledo Piza, a cartilha dava dicas de como balancear a alimentação das crianças. Neto, então, resolveu aplicar os conhecimento adquiridos para criar o próprio lanche. Chamou Carlos, o chapeiro do Ponto Chic, e ditou os ingredientes: pão francês sem miolo recheado de queijo derretido, mais tomate (para a vitamina) e rosbife (proteína). Gostou tanto do resultado, que comeu logo dois. Foi interrompido apenas por um amigo que quis um pedaço. Quico, como era conhecido, tinha fama de guloso. Também aprovou o sanduíche.

Os amigos esfomeados sempre pediam um lanche “igual ao do Bauru”, já que a invenção não tinha nome. Com o tempo, o título pegou. Ante de morrer, em dezembro de 1983, Neto voltou para o interior e ensinou a receita aos proprietários do Skinão Lanches, que até hoje reproduzem o sanduíche na cidade. É o único bauru original de Bauru. Feito, é claro, sempre com tomate. A ausência dele deixa o lanche carente de vitamina e altera seu nome. Afinal, bauru sem tomate é misto.  

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