
29 de setembro de 2015 | 21h02
A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) nasceu em 1969, fruto da fusão entre o Centro Estadual de Abastecimento (Ceasa) e a Companhia de Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Cagesp), mantidos pelo governo de São Paulo.
Pouco tempo depois, a Companhia já mostrava a dimensão que assumiria dentro do país. Em 1977, bateu o recorde de produtos vendidos em um só dia: 6,2 mil toneladas, superando o maior mercado do mundo, de Rungis (Paris), na França.
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Terceiro centro de comercialização atacadista de perecíveis do mundo, atrás apenas dos de Paris e de Nova York, a Ceagesp atualmente é a principal central de abastecimento do país, a maior da América Latina, e movimenta 250 mil toneladas de frutas, legumes, verduras, pescados e flores todos os dias.
Veja dez notícias publicadas pelo Estado e que marcaram a trajetória dessa verdadeira "cidade da comida".
1. Na cerimônia no dia 31 de maio de 1969, o então secretário da Agricultura, Antônio Rodrigues Filho, formalizou a fusão entre a Cagesp e o Ceasa, dando origem ao CEAGESP. O Estado noticiou, em uma pequena nota, o surgimento do órgão que deveria "promover melhorias de condições de armazenamento e comercialização de produtos agrícolas."
2. Quase três anos depois de ter surgido, a Ceagesp anunciou investimentos para aumentar sua capacidade. O reforço previsto era de 500 mil sacas, ampliando para 900 mil toneladas seu potencial para estocar alimentos.
3. A Ceagesp iniciou seu processo de descentralização no final dos anos 1970. Com a finalidade de organizar o abastecimento de alimentos no interior, a Companhia implantou entrepostos regionais de comercialização. Os primeiros "mini-ceasas", como ficaram conhecidos, foram construídos em Bauru, Sorocaba, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. Atualmente, há doze centrais de abastecimento no interior, próximas a polos de produção e consumo.
4. No dia 22 de setembro de 1979, a primavera era saudada com o primeiro Varejão da Ceagesp. Até então, a Companhia mantinha atividades apenas no atacado. Cerca de 300 mil pessoas compareceram. Eram esperadas 30 mil. Resultado: 800 mil quilos de hortifrutigranjeiros vendidos em apenas duas horas. O grande número de presentes foi atribuído a uma expectativa errada por parte da população.
Segundo o Estado noticiou na época, muitos acreditavam que iriam encontrar preços bem abaixo dos praticados nas feiras livres. Entretanto, o "objetivo do Varejão não era vender mais barato, mas oferecer novas opções de compra, forçando uma baixa geral dos preços em toda Grande São Paulo", afirmou o então diretor da Ceagesp, José Pilon.
5. Entre apertos e cotoveladas, o secretário da Agricultura, Eduardo Carvalho, gostou do resultado. Disse que o Varejão deveria continuar e chamou a atenção para os problemas abastecimento que atingiam parte da população. Uma semana depois, no dia 29 de setembro, a Ceagesp realizava o segundo Varejão com uma série de mudanças. O número de barracas saltou de 723 para 965. A área destinada ao evento dobrou, passando para 24 mil metros quadrados. Uma força tarefa foi montada para atender a população, com sessenta policiais militares e 85 vigilantes. O esquema incluía até linhas extras de ônibus.
6. Na década de 1980, a Ceagesp foi a acusada de jogar fora oitenta toneladas diárias de comida. De um lado, a Companhia dizia que se tratava de "lixo imprestável". De outro, os funcionários do entreposto eram unânimes: as sobras garantiam os preços estáveis.
7. Com dívidas de R$ 180 milhões com o Banespa, o governo de São Paulo anunciou que leiloaria a Ceagesp na Bolsa de Valores, em 1996. O valor total da venda era de cerca de R$ 250 milhões, por 98,9% das ações. No entanto, o primeiro leilão foi cancelado por falta de comprador. O segundo também, porque o único consórcio interessado na compra disse que não tinha condições de fechar negócio.
Isso frustrou a campanha de privatizações do governo. No ano seguinte, em 1997, a empresa foi federalizada - o patrimônio da Companhia entrou como parte do pagamento da dívida do Estado com a União - e vinculou-se aos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. No mesmo ano, a Ceagesp entrou na lista do Programa Nacional de Desestatização (PND). O intuito era privatizá-la no futuro, mas isso nunca aconteceu. Este ano, a empresa foi excluída da PND.
8. Em 2000, a Ceagesp ganhou as páginas policiais com uma operação que levava seu nome e em que eram investigados pagamentos de precatórios fora da ordem cronológica. O processo levou ao sequestro de rendas do Tesouro no valor de R$ 8 milhões, teve demissão de procuradora recomendada e até o governador Mário Covas precisou depor como testemunha de defesa.
9. As discussões para transferir o entreposto da Vila Leopoldina para uma área próxima ao Rodoanel são antigas. Na edição de 18 de outubro de 2003, o então presidente da Ceagesp, Valmir Prascidelli, disse ao Estado que tudo não passava de um boato, prometeu revitalizar o espaço e afirmou que Companhia não deixaria a Vila Leopoldina.
10. Em junho deste ano, 2015, a Prefeitura de São Paulo assinou um termo de cooperação com os ministérios do Planejamento e da Agricultura. O objetivo é realizar estudos de viabilidade técnica para transferir a Companhia da Vila Leopoldina para uma área próxima ao Rodoanel. O prefeito Fernando Haddad justificou a medida como uma forma de desafogar o trânsito na região. Cerca 14 mil veículos trafegam na atual área da Ceagesp, alcançando em algumas ocasiões 27 mil.
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