A exemplo de Crivella, Doria vai reduzir verba do carnaval de SP

Prefeito não detalhou valor do corte, mas afirmou que recursos serão assumidos por empresas do setor privado

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Por Bruno Ribeiro
Atualização:
Bloco Ritaleena desfila no último final de semana de blocos pós-carnaval em São Paulo. Foto: Gabriela Biló/ESTADÃO

SÃO PAULO - O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), vai reduzir o repasse da Prefeitura para o carnaval da cidade no ano que vem. Sem adiantar valores, Doria afirmou que cortará recursos dos desfiles das escolas de samba e do carnaval de rua. Entretanto, ele afirma que o valor total da folia não sofrerá redução, pois espera obter recursos da iniciativa privada para cobrir o montante que a Prefeitura deixar de investir.

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Doria fez o anúncio ao lado do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), que esteve nesta terça-feira, 20, em São Paulo para a reunião da Frente Nacional de Prefeitos. Crivella também havia anunciado corte na verba do carnaval carioca para 2018. Cada agremiação receberá R$ 1 milhão, metade do liberado neste ano.

“Não podemos gastar mais do que aquilo que se arrecada. Não podemos ter uma atitude irresponsável fiscalmente para atender este ou aquele setor”, afirmou o prefeito de São Paulo. “Vamos fazer um trabalho ainda mais intenso com o setor privado. Vamos suplementar os recursos que a Prefeitura tiver a necessidade de reduzir.”

“Às escolas de samba e à liga (das escolas) não faltarão recursos previstos. Pode mudar o carimbo: em vez de ser público, será recurso privado. Mas o recurso não vai faltar”, continuou ele. “O que haverá é uma redução do investimento público e um aumento do investimento privado, para equalizar e garantir a realização do carnaval”, completou Doria, que afirmou ainda já ter participado de uma reunião interna da Prefeitura para discutir o tema. 

Neste ano, a Prefeitura repassou R$ 30 milhões – valor suficiente para custear 6 das 43 creches licitadas em 2014. Para o carnaval de rua, a folia já foi integralmente paga pelo setor privado. A concorrência que resultou na vitória da Ambev para custear a festa, por R$ 15 milhões, está sendo investigada pelo Ministério Público Estadual, por suposto favorecimento à empresa – tanto a Ambev quanto a Prefeitura negam. A Liga das Escolas de Samba de São Paulo não comentou a situação.

Plano. O professor do Departamento de Gestão Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Marco Antonio Carvalho Teixeira afirma que “em tempos de crise, é bom buscar alternativas” para o poder público. Mas considera que a busca deveria ser feita “com mais planejamento”, pois o anúncio foi dado sem detalhes sobre parcerias com o setor privado.

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