A espinha dorsal para o sucesso é mais investimento

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Por ANÁLISE: Ana Maria Cavaliere e professora da Faculdade de Educação da UFRJ
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Estudos pontuais, mas representativos, têm revelado uma utilização ainda precária do tempo adicional de escola. É preciso melhorar muito. Faltam salas de aula, mais espaços, professores e outros profissionais. Quase dobrar a duração do turno, de 4 para 7 horas por dia, não é tarefa que se faça no improviso ou do vaivém dos estagiários. Isso pode suprir lacunas, mas não se sustenta em larga escala e a longo prazo como política de Estado. A espinha dorsal para o sucesso do modelo é o incremento do investimento nos sistemas públicos. Aí, sim, esse modelo trará inovações para a vida escolar.Caso se trate apenas de "guardar" alunos, protegendo-os dos "perigos", sem que isso signifique avanço na qualidade do trabalho pedagógico, teremos, no máximo, uma versão mais humanizada dos antigos semi-internatos. Uma concepção ampliada da educação escolar, que conjugue aprendizados científicos, históricos, artístico-culturais e comunitários, requer infraestrutura escolar mais generosa do que a hoje existente. O processo educacional jamais estará todo dentro da escola, mas, no Brasil, a escola pode fazer mais. Para isso, não há como fugir do óbvio: ela precisa de mais bem formados e remunerados profissionais; precisa de adequados prédios, quadras, bibliotecas, computadores. O óbvio não é tudo, mas, sem ele, a tão necessária ampliação da jornada pode terminar em grande frustração.

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