'A comida tá acabando, a água, os remédios'

A pequena São José do Vale do Rio Preto está isolada e sem serviços essenciais

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Por Flavia Tavares
Atualização:

Um caminhão-baú abarrotado de mantimentos, água mineral, fraldas e colchões deixou ainda pela manhã a sede da Cruz Vermelha em Petrópolis, mas os voluntários não sabiam como chegar a São José do Vale do Rio Preto, a 50 km dali. A cidade vizinha, que tem 21 mil habitantes, contava até ontem quatro mortos, mas a situação era de isolamento e desabastecimento."Nosso desespero é que a comida está acabando, a água, os remédios, tudo. Por favor, se trouxerem algo, a gente mesmo se organiza e distribui, mas tragam comida para a gente", dizia, com olhos marejados, a enfermeira Letícia dos Santos, de 22 anos. "Não é porque a gente tem poucos mortos que nossa catástrofe é menor."A terra tomou conta de tudo nas ruas que beiram o Rio Preto, que subiu mais de 5 metros. Ontem, o acesso aos bairros mais devastados era muito complicado e feito quase exclusivamente a pé. Um forte cheiro de gás exalava de algumas casas.A prefeitura, debaixo d"água, pouco tem conseguido fazer - mas autorizou o voluntário Waldir Eggert a comprar dois caminhões de mantimentos para tentar distribuir aos desabrigados. "Se ninguém vier nos ajudar, São José vai sumir do mapa", previa Waldir. A cidade, que já foi um polo turístico e é hoje uma das principais produtoras hortifrutigranjeiras da região, responsável por 78% do caqui e 13% do chuchu do Estado do Rio, parece mesmo prestes a desaparecer.

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