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80% das rotas com mais problemas saem de SP

Empresas aéreas alegam dificuldades estruturais para operar voos mais movimentados

Por Nataly Costa
Atualização:

Entre as dez rotas mais movimentadas - aquelas com maior quantidade de voos regulares -, as oito que mais atrasam saem de Cumbica ou Congonhas. Segundo a Anac, o passageiro pode se preparar para esperar principalmente nos voos entre Guarulhos e Brasília, Porto Alegre, Rio e Salvador, não importa a companhia. Outras rotas de grande movimento com índice de atraso próximo a 25% são as de Congonhas para Brasília, Curitiba, Santos Dumont e Belo Horizonte. Em 2010, só a Webjet atrasou ou cancelou mais da metade (52,5%) dos voos para Porto Alegre. E a cada dez voos entre Cumbica e Salvador, a TAM atrasa ou cancela quatro. Segundo a Anac, as duas empresas tiveram os piores índices de eficiência operacional em 2010. A "complexidade da malha" e o fato de operar em aeroportos de alta demanda é o motivo apontado pela TAM para os atrasos. "Mantemos parcerias com empresas de vários países, o que torna a nossa malha ainda mais complexa e suscetível a imprevistos inerentes ao setor."A Webjet diz que "o intenso tráfego aéreo para pouso e decolagem é o motivo predominante" para os atrasos e que os índices de pontualidade ficaram "desgastados" em função da grande movimentação nos horários de pico de cada aeroporto. Mas, no geral, todas as companhias pioraram o desempenho em 2010 em relação ao ano anterior, com exceção da Gol, que se manteve com pontualidade entre 89% e 90%.A Avianca credita os atrasos a condições meteorológicas adversas e ao aumento do tráfego aéreo. "Passamos por uma etapa de acomodação, com a incorporação de novos Airbus A319, o que de certa forma pode ter afetado os índices", diz a empresa em nota. Ela também aponta que a operação em Cumbica "é bastante complexa", por causa da saturação do terminal e das distâncias entre check-in, salas de embarque e posições remotas. "Trata-se de um aeroporto cuja logística é mais sofisticada."O índice de pontualidade da Azul caiu de 94 pra 84% de 2009 para 2010. "Para uma empresa que cresceu mais de 100% no último ano é perfeitamente aceitável que sua pontualidade sofra essa pequena queda", diz a companhia, em nota.Falhas. "Existe um problema de gestão de aeronaves, tanto no ar quanto no chão, que contribui para esses atrasos", diz o presidente da Associação Nacional de Infraestrutura em Transportes (Andit), João Virgílio Merighi."Precisa haver uma parceria efetiva entre a empresa e o aeroporto para que cada etapa do processo de embarque dê certo", afirma o presidente do Instituto Cepta, de estudos e análises da aviação, Respício Espírito Santo. "Todo o sistema mostra uma grande ineficiência na hora de lidar com essa quantidade de passageiros que está chegando."O engenheiro mecânico Cláudio Manoel Ferreira, de 35 anos, vai toda semana de São Paulo a Curitiba e acredita que a infraestrutura dos aeroportos é determinante para o atraso. "É fila no check-in, fila para embarcar, fila no raio X. Tudo isso influi."De janeiro a julho deste ano, a Anac recebeu 2.657 reclamações só por atrasos de voos. O Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea) diz que o número é "ínfimo" perto da quantidade de voos. De janeiro a junho, os aeroportos brasileiros registraram 1,3 milhão de pousos e decolagens domésticas.

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