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76 unidades de saúde da Prefeitura já pediram caminhão-pipa

Levantamento indica que 113 equipamentos públicos, entre UBSs, AMAs e prontos-socorros, registraram falta de água em 2015

Foto do author Fabiana Cambricoli
Por e Fabiana Cambricoli
Atualização:

SÃO PAULO - Na capital paulista, 113 unidades de saúde já registraram falta de água desde o começo do ano. Dessas, 76 precisaram de caminhões-pipa para não fechar. A conta inclui apenas endereços da Prefeitura, que mantém serviços em 780 locais da cidade. Esses registraram, somados, 633 situações de seca. O mais grave é que, em 51 dessas situações, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) não enviou caminhões-pipa para socorrer as unidades. 

A contabilidade foi feita apenas no mês de janeiro e nos primeiros dias de fevereiro. Inclui Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs), unidades de Assistência Médica Ambulatorial (AMAs), de Pronto-Atendimento (PAs), Pronto-Socorros (PSs), Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e outras unidades. Nesses locais, já é possível encontrar banheiros e bebedouros lacrados para evitar o desperdício e água mantida em estoque nas caixas apenas para atendimento médico.

Caminhão-pipa no PS de Santana. Abastecimento é feito de forma emergencial para garantir atendimento da população Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

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Os grandes hospitais estão fora da lista, muitos por apresentarem fontes próprias ou por manterem convênios para garantir a água.

A maior parte das unidades afetadas (50) fica na zona norte, única região integralmente abastecida pelo Sistema Cantareira, que apresenta o quadro de seca mais grave.

Banhos. O centro da cidade tem apenas três casos registrados - a região também é abastecida pelo Cantareira. Mesmo assim, alguns serviços já deixaram de ser prestados: no prédio da AMA Sé, foram afetados do processamento de chapas de raio X até o banho de pacientes. Na UBS Jardim Olinda, na zona sul, a seca paralisa consultas.

Na UBS Vila Leonor, na zona norte, parte dos atendimentos foi suspensa oito vezes no mês de janeiro. “Temos de reservar a água da caixa para os atendimentos médico e odontológico. Quando seca tudo, chamamos o caminhão-pipa, mas ele custa R$ 2 mil e ainda demora para chegar”, disse uma funcionária do local.

No Pronto-Socorro Municipal Doutor Lauro Ribas Braga, em Santana, também na zona norte, o abastecimento emergencial também tem sido feito com carros-pipa. “É errado a Sabesp cortar a água em hospitais. Esses lugares tinham de estar em uma lista com o abastecimento garantido. Por causa desse absurdo, o PS fica gastando dinheiro com caminhão-pipa, em vez de melhorar o atendimento”, diz o auxiliar de laboratório Thiago Gomes, de 28 anos, que esperava há uma hora nesta segunda-feira na unidade sem nem sequer conseguir abrir uma ficha de atendimento. 

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Em quase todos os casos de falta de água, os gestores das unidades informaram não terem sido avisados previamente sobre o desabastecimento. No fim do ano, Prefeitura e Sabesp chegaram a um acordo que previa que, no caso de seca, a unidade de saúde acionaria diretamente a Sabesp para solicitar um caminhão-pipa, que seria enviado gratuitamente ao local.

Sem água. A UBS da Vila Jacuí, também na zona leste, registrou 16 casos, entre os dias 7 e 30 de janeiro, em que a água acabou, os caminhões-pipa foram chamados e não apareceram. Sem abastecimento, o local paralisou consultas - nas áreas de ginecologia e odontologia.

Nas unidades de saúde terceirizadas, administradas por Organizações Sociais (OSs), quando o caminhão-pipa não aparece, são compradas cargas particulares (como no caso da UBS Jardim Leonor, citada acima), que depois são reembolsadas. A reportagem questionou a Sabesp sobre o caso, que alegou não ter como verificar as informações nesta segunda. 

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