
19 de junho de 2011 | 00h00
1. É possível recuperar essa juventude sem perspectiva nas favelas cariocas?
Sem a boca de fumo, estamos podendo olhar para o que está acontecendo nas favelas de uma forma mais sofisticada. Estão aparecendo as nuances, as diversas dinâmicas sociais e existenciais. A juventude hoje não é mais uma fase de transição para a vida adulta, mas um momento de experimentações. Na classe média, é aquele menino que troca de curso na faculdade, larga tudo e um dia encontra o que quer. Na favela é aquele garoto que passa o dia todo na rua, à toa. É um universo muito complexo.
2.Mas como resolver?
Quando os alunos de uma escola de classe média vivem este momento o que é que se faz? Pensa neles um a um. Não chegamos lá oferecendo curso de Publicidade para todos. Cada menino é uma história. E a Firjan e o Sesi acham que vão resolver tudo oferecendo curso de manicure. Acho um desrespeito continuar chegando nas comunidades com esses cursos de manicure e copeiro achando que estão fazendo trabalho social. É preciso um sistema para acompanhar os meninos um a um. E, é claro, eles precisam querer reagir.
3.E o que pode acontecer se essa geração for perdida?
A dinâmica de criminalidade que se estabeleceu na favela foi tão enraizada que ali a boca de fumo era tudo. Era tão forte que inibiu a formação de gangues. O jovem da gangue é o rebelde sem causa. Ele quer ser delinquente. O risco hoje, controlado, é o surgimento de gangues. E esses meninos estão jogando pedra nas viaturas. Esse comportamento está revelando uma tendência.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.