28 de fevereiro de 2012 | 03h08
SÃO PAULO - Nos dois meses deste anos, já houve mais da metade do número de acidentes graves com jet ski registrado em 2011. Foram quatro casos, ante sete em todo o ano passado. O último terminou com a morte de Mitchill Guilherme Pereira de Carvalho, de 9 anos, anteontem, em Ribeirão Pires. No dia 18, outra morte chocou o País: a menina Grazielly Almeida Lames, de 3 anos, foi atropelada e morta.
De acordo com o capitão Gerson Rodrigues, da Capitania dos Portos, as principais causas dos acidentes são "negligência, imprudência e imperícia na observância às regras de segurança". Mas especialistas apontam outras causas. Para obter habilitação, por exemplo, não é preciso nem sequer fazer aula prática - basta passar por prova escrita. Só diante da repercussão negativa, autoridades decidiram na semana passada exigir aula prática a partir do meio do ano.
Ontem, o coordenador Antonio Edvan Moreira de Carvalho, de 40 anos, foi o único indiciado pela morte do filho Mitchill. Ele foi enquadrado por homicídio culposo (sem intenção de matar), com pena de 1 a 3 anos de detenção. "Ele queria agradar ao filho, que gostava bastante de brincar na água, e acabou sendo imprudente", afirmou o titular da Delegacia de Polícia de Ribeirão Pires, Marcos Pimenta. Sem habilitação, Carvalho pegou o jet ski emprestado de um amigo.
Ontem, no enterro do garoto no Cemitério da Vila Formosa (zona leste de São Paulo), a família evitou comentar o assunto. Mas, segundo os amigos presentes, o pai de Mitchill não queria entrar na água e ainda se sente culpado pelo acidente. O pai pagou R$ 630 de fiança e foi colocado em liberdade. "Acredito que deverá receber o perdão judicial, porque o sofrimento pela morte do filho é maior do que qualquer pena", ressaltou o delegado.
Falhas. A frota de jet skis no Estado ultrapassa 16 mil veículos. Mas a Capitania dos Portos não detalha quantos já passaram por fiscalização. Diz apenas que, desde dezembro, 525 embarcações foram inspecionadas - quatro acabaram apreendidas e cinco inquéritos administrativos foram abertos. Cabe ao Ministério Público investigar se há falhas na fiscalização.
Segundo o capitão Rodrigues, que garante que a fiscalização é "suficiente", é possível denunciar irregularidades pelo telefone (13) 3221-3454. As penalidades variam de sanções administrativas a apreensão da embarcação e multa de até R$ 3.200. / COLABOROU FABIANO NUNES
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