2 anos após ocupação, Alemão vira cenário de novela e de turismo

Conjunto de 15 favelas passa por processo de urbanização; só do PAC são R$ 911 milhões em obras e serviços básicos

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Por Heloisa Aruth Sturm e RIO
Atualização:

Pedro (nome fictício), de 12 anos, lembra bem do dia 26 de novembro de 2010, quando 1,5 mil agentes de segurança avançaram em direção ao morro onde mora para iniciar a ocupação do Complexo do Alemão. "Fiquei apavorado", conta. Um dia antes, militares do Exército, da Marinha e policiais civis, militares e federais já haviam retomado o território da Vila Cruzeiro, favela vizinha. Pedro estava preocupado com o primo, traficante que fugiu da favela durante a operação policial. "Minha mãe falava para ele sair dessa vida, mas não adiantava. A gente se reunia em casa e ficava orando", diz o adolescente. Desde então, muita coisa mudou nesse conjunto de 15 favelas da zona norte do Rio. Atualmente, a área passa por um intenso processo de urbanização. Os governos federal, estadual e municipal estão investindo R$ 911 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em obras e serviços básicos de saneamento, saúde e educação para a população de 60 mil moradores. O lugar, que já foi quartel-general do Comando Vermelho e um dos pontos mais violentos da cidade, agora serve de cenário para a novela Salve Jorge, da Rede Globo, e atrai turistas. Pedro acompanhou a reportagem pelas vielas do ponto mais alto do Morro do Alemão. Ele contou como era a área do Campinho antes das obras. "Aqui era cheio de lama e tudo escuro." O local foi pavimentado e iluminado. Recebeu um dos 2 mil novos postes e agora se integra aos 30 km de ruas abertas desde que começaram as obras de infraestrutura.Turismo. O carioca Luis Sérgio da Silva levou um grupo de Ribeirão Preto para passear ali. "Quem vem de São Paulo faz o turismo clichê. Mas o Rio não é só praia", afirma Silva. O bondinho que liga as partes alta e baixa custa R$ 1. Outro grupo de turistas também aprovou o passeio. "É uma opção de ver com segurança quase que uma parte inteira do Rio e o melhor é que não custa quase nada", diz o francês Christophe Maciejewski, que levou a mulher, brasileira, o pai e a irmã.

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