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1/4 dos cadastrados não usa Bilhete Único Mensal em São Paulo

Serviço supera meta do primeiro ano, mas especialista considera que o pagamento antecipado pode afastar usuários

Por Caio do Valle
Atualização:

SÃO PAULO - O Bilhete Único Mensal completa um ano com 914.086 pessoas cadastradas, mas 226.506 bilhetes permanecem inativos - 24,7% do total. A meta inicial de passageiros prevista pela Prefeitura de São Paulo e pelo governo do Estado, que era de 861,7 mil (6% menor) foi superada, conforme dados da São Paulo Transporte (SPTrans).

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Na média, segundo a SPTrans, cada passageiro que usa bilhete mensal faz 99 viagens por mês, mais do que um trabalhador comum, que faz cerca de 46. Até hoje, 26,1 milhões de viagens foram pagas com bilhetes únicos mensais.

Lançado em 30 de novembro de 2013, o serviço mensal agradou sobretudo aos estudantes (63% dos usuários de cartões temporais). Entretanto, a necessidade do pagamento antecipado, entre R$ 140 e R$ 230, pode ainda afastar alguns interessados, na avaliação do superintendente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Luiz Carlos Mantovani Néspoli. “Para quem ganha o salário médio de São Paulo, em torno de 2 salários mínimos, corresponde a uma antecipação de 10% a 15% da renda”, analisa o especialista. “Significa que a pessoa está congelando parte considerável da renda, na expectativa de que vai de fato usar o cartão em outros horários, como fins de semana e à noite. Mas essa expectativa pode não ser muito confiável.”

“No comum, não existe prazo, então, o dinheiro que você creditou pode ser usado a qualquer tempo. No temporal, você tem de usar no prazo contratado. Então, imagine que você faça 22 viagens no mês ou uma pessoa que vai e volta do trabalho, apenas. Você gastaria R$ 132 e sobraria um pouco. Se usar menos ainda, também perde”, afirma Néspoli. 

Bruno Cândido Ribeiro, de 18 anos, faz entre cinco e seis viagens de ônibus por dia, todas pagas com o Bilhete Único Mensal Foto: Sérgio Castro/Estadão

No entanto, ele vê uma grande utilidade social no cartão temporal, que existe há anos em várias grandes metrópoles do mundo. “Aumenta a ideia de mobilidade. Quem quer fazer mais alguma coisa, além de trabalhar ou estudar, como sair aos sábados, ir visitar amigos, ir ao cinema, fica menos dependente da cota fixa.”

Justamente por isso, quando o Bilhete Único Mensal foi lançado, os governos municipal e estadual apelaram para que empresas passassem a utilizá-lo em vez do Vale-transporte (VT) - o que não vem acontecendo, segundo a SPTrans. A empresa onde trabalha o designer Richard Batista, de 29 anos, por exemplo, não adotou a sugestão. “Pego metrô e ônibus, mas continuo com VT. Gasto menos de R$ 230 por mês, só que não tenho margem para sair nos fins de semana ou à noite.” 

Futuro. Em nota, a SPTrans informou que “o ritmo de adesão (aos cartões temporais) depende da avaliação de cada passageiro” e “a expectativa é que o usuário compre produtos tradicionais em um momento e em outro opte pelo bilhete mensal, semanal, ou 24 horas, de acordo com a ocasião”. 

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