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1 ano de bônus da água rende o equivalente a uma Guarapiranga

Sucesso do plano da Sabesp foi obtido graças aos condomínios residenciais; no mês passado, 94% deles reduziram o consumo

Por Fabio Leite
Atualização:

SÃO PAULO - Um ano após ter sido ampliado para a Grande São Paulo, o programa de bônus da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) resultou em uma economia de água equivalente à capacidade atual do Sistema Guarapiranga. Foram 139 bilhões de litros poupados desde maio de 2014, segundo dados da estatal, mesmo volume disponível na represa paulistana no início deste mês.

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O programa que dá desconto de até 30% na conta para quem reduzir o consumo de água em ao menos 20% começou em fevereiro do ano passado apenas na região atendida pelo Sistema Cantareira. Segundo dados da Sabesp, o consumo de água per capita na Grande São Paulo caiu de 155 litros para 118 litros por dia, perto do recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU) - 110 litros.

Março e abril deste ano registraram a maior economia considerada espontânea pela Sabesp. Foram 16 bilhões de litros poupados. Considerando os resultados do bônus nos meses em que só vigorou na região do Cantareira, a economia total salta para 146 bilhões de litros, quase 15% da capacidade do manancial em crise.

A gerente de Relacionamento com os Clientes da Sabesp, Samanta Souza, destaca que o resultado só foi possível graças à adesão dos condomínios residenciais, considerados os vilões do desperdício no início da crise. Em abril, 94% dos condomínios reduziram o consumo, proporção maior do que a registrada hoje em toda Grande São Paulo: 82%. No início, a parcela de prédios que reduziu o gasto não superava os 68%, ante uma adesão total de 76% à época.

“Nosso grande calcanhar de Aquiles eram os condomínios residenciais. Por isso fizemos campanhas específicas para esses clientes, parcerias com sindicatos e administradoras, mandamos cartas direcionadas explicando a situação. Treinamos 7 mil síndicos para fazerem testes para detectar vazamentos e distribuímos 7,2 milhões de kits redutores de pressão para torneiras”, afirma Samanta.

Foram 139 bilhões de litros poupados desde maio de 2014, mesmo volume disponível na Guarapirangano início deste mês Foto: Marcio Fernandes/Estadão

Obsessão. A caça aos vazamentos virou uma obsessão para o síndico Marcelo Alves, de 45 anos, responsável por um condomínio com 70 mil m² e 3 mil moradores em Taboão. Ele criou um programa de bônus salarial para estimular os funcionários a identificarem fontes de desperdício de água e engajou os moradores. “Em um ano, nós economizamos 19,6 milhões de litros e R$ 134 mil. Com esse dinheiro, eu aumentei o salário da equipe e consegui fazer obras sem custo adicional para os moradores.”

Gerente de Marketing da Lello Condomínios, que administra 1,6 mil prédios na Grande São Paulo, Angélica Arbex lembra que a parte mais difícil foi conscientizar os condôminos que não controlavam o consumo de água pela ausência de hidrômetros individualizados nos apartamentos. “Fizemos campanha maciça com os condôminos e foi aí que conseguimos ganhar o jogo", afirma.

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“Criamos campanhas importantes e agora o resultado está aí. Aquilo que era um sacrífico para os condôminos no início, já está incutido na rotina hoje”, afirma o presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC), Rubens Carmo Elias Filho. Segundo a Sabesp, o grupo de clientes residenciais, incluindo casas e apartamentos, foi responsável por 82% dos 16 bilhões de litros economizados em abril.

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