'SP não está preparada', diz vereador presidente da CPI das enchentes

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Por Redação
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Entrevistamos nessa quinta-feira, 29, em seu gabinete, o vereador Adilson Amadeu (PDT), que preside a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) aberta na Câmara dos Vereadores em fevereiro para apurar as responsabilidades pelos danos causados pelas cheias ocorridas no começo do ano.

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Entre dezembro de 2009 e março de 2010, 18 pessoas morreram em São Paulo em decorrência dessas enchentes. No total, 78 vítimas foram contabilizadas em todo o Estado.

A CPI deve ser encerrada em dezembro, mas o vereador afirmou na entrevista que o prazo pode ser prorrogado. "Estamos estudando com os outros vereadores estender os trabalhos por mais seis meses", disse Amadeu.

O grupo conta com oito vereadores de diferentes partidos. Secretários, subprefeitos, funcionários de empresas que prestam serviços à prefeitura e o pessoal envolvido nos pregões e licitações de serviços têm sido ouvidos. "Essa CPI é muito importante e estamos fazendo de uma maneira transparente, trazendo informação. Estamos indo na raça", contou o vereador, que foi bastante crítico com a administração da cidade. "No início dos trabalhos, solicitei o auxílio de um técnico em engenharia para colaborar, mas até hoje não ofereceram ninguém", reclama.

SP das Enchentes: Como surgiu a ideia para a CPI?

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Amadeu: Na época, comentei com colegas: Não adianta jet-ski nem lancha para contornar as enchentes, o que adianta é estrutura. O crescimento da cidade é brutal, todo dia saem novas edificações, mas os rios continuam os mesmos, e as galerias não são limpas. Então qualquer chuvinha causa alagamentos. Além disso, começamos a receber muitas reclamações da população.

SP das Enchentes: Houve resistência de outros vereadores para instalar o grupo?

Amadeu: Não tivemos resistência para montar, apenas a preocupação de que a CPI seria complicada e que mexeria com pessoas que sempre tiveram uma "condição" dentro do governo. Quero saber quem são essas pessoas, que dão retaguarda para todas as empresas que prestam serviço.

SP das Enchentes: Vocês têm vistoriado os trabalhos das empresas contratadas?

Amadeu: Fui ao vivo e a cores ver o trabalho de limpeza de bocas-de-lobo, bueiros, galerias. Constatamos que uma empresa presta esses serviços à Prefeitura há mais de 20 anos. São sempre os mesmos que ganham os pregões de obras. Uma dessas empresas faz trabalhos para 26 Subprefeituras. O serviço que elas fazem há anos continua do mesmo jeito. Se deram uma melhorada, foi graças à CPI. As empresas são boas para ganhar dinheiro, porém a manutenção deixa muito a desejar.

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SP das Enchentes: O que a CPI conseguiu levantar até agora?

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Amadeu: Quando você acompanha tudo o que foi falado aqui, por subprefeitos e coordenadores de subprefeituras, você percebe que os dados não batem. Eles afirmam que limpam 120 bocas de lobo por dia quando, no máximo, podem limpar 40. Até dá pra chegar nos 120, se você só levantar a tampa do bueiro, olhar e não limpar. Isso não tem nenhum controle.

SP das Enchentes: Em setembro, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) afirmou ao Estado que este ano a cidade está mais bem preparada para as enchentes. O senhor concorda?

Amadeu: Discordo totalmente. A cidade não está preparada. Nada mudou. Os córregos e as galerias são os mesmos e não foram limpos. Os 400 mil bueiros de São Paulo necessitam de, no mínimo, quatro limpezas por ano. Em 2010, não serão limpos nem duas vezes. Eles (Prefeitura) acham que a cidade está bem, que se chover não vai encher. Mas nos últimos dias nós já tivemos mortes ligadas às enchentes.

Eduardo Roberto

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