Estadão
25 de outubro de 2010 | 18h58
Difícil falar sobre enchentes e não lembrar do Jardim Romano. Localizada no extremo da zona leste de São Paulo, a região foi uma das mais castigada pelas águas no último verão. Tornou-se símbolo de uma temporada de chuvas que em três meses deixou pelo menos 78 mortos na Grande São Paulo.
Entre o dezembro de 2009 e março deste ano, 3 mil famílias do Jardim Romano tiveram de deixar suas casas. Sob protestos, moradores se locomoviam com ajuda de botes dos bombeiros. Em fevereiro, a Prefeitura decretou estado de calamidade pública e demoliu 139 residências.
Para que a tragédia não se repita na próxima estação, a Prefeitura firmou em julho um contrato sem licitação de R$ 70,5 milhões com a empreiteira Queiroz Galvão. O convênio com o governo do Estado para as obras incluem a construção de um dique às margens do Rio Tietê e de um piscinão.
É o maior valor para um único contrato emergencial assinado pelo governo municipal. Com receio de novo desgaste perante a opinião pública, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) vem pedindo a mobilização de seu secretariado para evitar que imagens de bairros da zona leste inundados e de famílias desabrigadas voltem a ocupar espaço na mídia, segundo apurou a reportagem do Estado. No último verão, o prefeito foi alvo de críticas por causa dos cortes de 20% na verba reservada no ano passado para os serviços de varrição e coleta de lixo.
Cinco meses depois da tragédia, centenas moradores que perderam suas casas continuavam desabrigados. Em 8 de setembro, o pesadelo voltou a assustar – bastaram algumas horas de chuva fraca.
Gabriel Pinheiro
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