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Cresce procura por seguro de celular, mas ainda há reclamações de consumidores

Com aumento no número de smartphones e também dos casos de roubos no País, cada vez mais clientes têm procurado fazer seguros para seus equipamentos e evitar prejuízos no futuro

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Por Marco Antônio Carvalho
Atualização:

O Brasil começou o ano de 2015 com cerca de 154 milhões de smartphones nas mãos de usuários em todos os cantos do País. Ferramentas que difundem cada vez mais o acesso à internet para a população, os aparelhos passaram também a ser mais caros e a despertar a atenção de ladrões. Embalados pela alta desses dois fatores - o crescimento do uso dos telefones inteligentes e os roubos constantes dos aparelhos - os seguros oferecidos especificamente para esse mercado registram hoje forte aumento de procura.

O administrador Marco Martins contratou seguro, mas disse ter recebido um "Iphone chinês" da empresa. Foto: Rafael Arbex/Estadão

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Com presença consolidada no País ao menos desde o final da década passada, os seguros para celulares estão sendo cada vez mais procurados pelos consumidores e passaram a ter preço mais acessível para contratação. Hoje, de acordo com levantamento do Estado com as empresas mais requisitadas, a apólice anual pode variar de 10% a 20% - podendo chegar a até 35% - do valor do aparelho que será coberto. O serviço, no entanto, não está livre de experiências negativas de consumidores e demanda atenção na hora do fechamento do contrato.

As pessoas que eram roubadas antigamente perdiam relógio, carteira ou bolsa. Mas o bem que você carrega hoje de maior valor é o celular"

Para se ter ideia da abrangência da cobertura, quase um terço de todos os smartphones vendidos pela operadora TIM no Brasil já saem da loja com contrato de seguro, segundo informações fornecidas pela própria empresa. "Atualmente, a maior procura é por seguro de aparelhos com valor entre R$ 600 a 3000. Nessa faixa, o seguro custa entre R$ 18,49 e R$ 24,99 por mês. Mas, lançamos há poucas semanas, novas faixas de seguros, que incluem aparelhos com preços de até R$ 5 mil", explicou a TIM em nota enviada ao Estado.

Para o diretor-presidente da Bem Mais Seguro, empresa especializada nesse tipo de serviço, Marcello Ursini, aumentou a preocupação da população em se proteger. "Antigamente, as pessoas que eram roubadas perdiam relógio, carteira ou bolsa. Mas o bem que você carrega hoje com maior valor é o celular, custando até mais de R$ 3 mil e os ladrões estão querendo roubar isso a todo momento", disse Ursini. Ele estipulou em dois dígitos o crescimento mensal que a sua empresa tem na procura pelo seguro de celular.

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Furto. As condições e os detalhes do contrato para proteger o aparelho celular demandam atenção especial. A maioria das seguradoras oferecem um serviço amplo de proteção, que vão de quedas ou defeitos decorrentes de contato com líquidos a pagamento de ligações não autorizadas, por exemplo. Por outro lado, não é fácil encontrar quem cubra casos de furtos simples de telefone, ficando restrito a ocorrências de roubo e furto qualificado.

Na prática, a diferença representa que o celular foi tomado durante um assalto (roubo) ou tirado de uma bolsa ou mochila sem que o dono visse (furto). Já o furto qualificado ocorre quando o criminoso rompe obstáculos para subtrair algum item, como cadeado ou outros tipos de proteção.

Para Ursini, da Bem Mais Seguro, deixar de fora a cobertura de furto simples é uma forma de proteger a empresa. "A pessoa que perde pode ir e dizer que foi furtada. Acaba funcionando como o nosso mecanismo antifraude", explicou.

Embutido. O Procon estadual de São Paulo alerta que o consumidor deve estar ciente da compra do seguro no momento da aquisição do seu aparelho. Isso porque são recorrentes os casos de lojas que embutem o preço do serviço na compra final sem a ciência do cliente.

"Tem que estar bem claro o que o consumidor está adquirindo e quais são as condições da cobertura. A responsabilidade de fornecer todas as informações é da operadora e se houver alguma falha, o cliente pode cobrá-la", explicou Marta Aur, assessora técnica do Procon.

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Marta também chama atenção para a responsabilidade da empresa que faz convênio com seguradoras e vendem as apólices no interior das suas lojas. "Há responsabilidade da operadora, mesmo que o seguro não seja administrado diretamente por ela. Ela tem de fornecer todas as informações básicas corretamente", destacou a especialista. A operadora, a seguradora e órgãos de defesa do consumidor, como o Procon, podem ser acionados em caso de problemas.

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Negativo. Uma das experiências negativas ocorreu com o administrador de empresas Marco Antonio Martins, de 47 anos, que se decepcionou ao contratar o serviço em uma loja da TIM em São Paulo. O aparelho modelo Iphone adquirido para a filha acabou roubado e o atendimento com a operadora e a seguradora não saiu como o planejado. "A TIM comercializa dentro de suas lojas um seguro e a única coisa que funciona é o débito que é feito em seu cartão de crédito", reclamou.

Martins relatou que foram necessários mais de 75 dias de contato com as empresas para obter alguma resposta. "Ao procurar uma loja da TIM tive a informação de quem deveria resolver tudo com a seguradora, embora o seguro fosse adquirido e comercializado por um funcionário seu, dentro de uma loja sua".

Mais de dois meses depois, quando finalmente recebeu o novo aparelho, acabou mais uma vez se decepcionando. Segundo ele, o Iphone seria um modelo genérico, com características diferentes do original que foi roubado. "É como se fosse um Iphone chinês, mas eles dizem que está registrado como Iphone na Anatel e é tudo que eu vou receber", lamentou.

Ao Estado, a TIM informou ter mantido contato com o administrador de empresas e esclareceu que o aparelho possui todos os certificados de originalidade e segurança com selo da Anatel.

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O publicitário Pedro Teixeira Gomes da Cruz, de 35 anos, também enfrentou problemas quando tentou acionar o seguro para o seu Iphone 6, que teve a tela trincada quatro meses após a compra. Após enviar para a seguradora, recebeu a informação de que o aparelho tinha sofrido perda total. Para conseguir um novo, teria de pagar a franquia de 25%, quantia superior a R$ 1 mil. "Quando enviei, estava funcionando normalmente e agora eles não dizem nada, não sabem informar. Se eu quiser de volta, são 15 dias úteis", protestou.

A empresa Zurich, que fornece o seguro em convênio com a Vivo, informou que "cumpriu com objetivo e entregou o que foi contratado" e "em hipótese alguma se beneficia de um possível procedimento oferecido pelo fabricante ao consumidor final". "A Zurich assegura que trabalha para o atendimento qualificado e se desculpa por inconvenientes que tenha causado", acrescentou.

Roubos. As elevadas estatísticas levaram a Secretaria da Segurança Pública a buscar medidas para frear a quantidade de roubos de celulares. Uma delas foi pedir pelo número IMEI  dos aparelhos roubados no registro do boletim de ocorrência para que as operadoras os bloqueassem e os inutilizasse. Outra iniciativa foi tentar impedir a comercialização de aparelhos que desbloqueiam celulares frutos de roubo. Tramita na Assembleia paulista um projeto de lei enviado pelo governo paulista que tornaria ilegal a venda desses desbloqueadores de IMEI, o que ajudaria no combate aos roubos frequentes de celulares.

Como encontrar o número IMEI? Na maior parte dos modelos, o IMEI pode ser obtido digitando o código *#06# no teclado

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