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A vida sobre duas rodas na maior metrópole do Brasil

Como foi a edição brasileira do Velo-City, principal evento sobre bikes do mundo

Representantes de diversos países estiveram no Rio de Janeiro para debater o uso da bicicleta nas cidades

Por Alex Gomes
Atualização:

Na semana que passou, o Rio de Janeiro foi palco do maior evento mundial sobre o uso de bicicletas como meio de transporte: o Velo-city 2018. Foi também a primeira vez que a conferência ocorreu na América Latina. Entre os dias 12 e 15 de junho, dezenas de debates, palestras, negociações e muitas pedaladas aconteceram no Pier Mauá, área da zona portuária da cidade do Rio de Janeiro reformada para as Olimpíadas de 2016.

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Cerca de 200 palestrantes conduziram 73 atividades que versaram sobre temas como intermodalidade, compartilhamento de bicicletas (bike sharing), ativismo, big data e infra estrutura cicloviária. Um dos assuntos mais discutidos foi o Advocacy, termo inglês bastante utilizado por ONGs e entidades da sociedade civil que trata da necessidade de diálogo e pressão nos governos para a adoção de políticas públicas.

Palestra no Velo-City 2018 ( Foto: Vanderlei Torroni)

O tema é oportuno frente a polêmicas como a recente afirmação do prefeito de São Paulo Bruno Covas de remover ciclovias e a definição da Lei Orçamentária de 2018 do Rio de Janeiro de investir apenas R$ 5 mil reais na implantação de ciclofaixas.

No Velo-city, retrocessos como esses eram contrabalanceados com pílulas de esperança Brasil afora: o ciclista Carlos de Oliveira contou como tenta incentivar os moradores de Queimados, na Baixada Fluminense, a pedalar naquele que foi considerado o município brasileiro com maior taxa de mortes violentas em 2016. Com o projeto 'Pedala Queimados', ele faz rodas de conversa em escolas públicas e passeios ciclísticos para tornar a cidade mais inclusiva e sustentável. No evento, Carlos foi contatado pela organização holandesa Dutch Cycling Embassy que decidiu investir 1.500 euros na expansão do projeto.

Interações, trocas de experiências e colaborações como essas foram provavelmente as principais conquistas da edição brasileira do Velo-city. Uma cena comum no evento eram as rodas de conversas entre ciclistas, empresários do ramo, pesquisadores e agentes públicos de diversos países que ocorriam em praticamente todo momento. Além disso, o formato das apresentações, com três ou quatro palestrantes de diferentes nacionalidades, com mesas redondas e oficinas, proporcionaram trocas diretas de vivências talvez difíceis de ocorrer de outro modo.

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A ressalva fica por conta das taxas de inscrição do evento, bastante altas para os padrões nacionais. Num momento em que se pleiteia que a bicicleta seja um modal acessível a todas as classes sociais e respeitado em todos os rincões do país, o evento foi caro demais para permitir a participação dos ciclistas das regiões pobres e/ou periféricas, sem dúvida fundamentais para qualquer debate sobre o uso da bicicleta nas cidades.

Tanto que durante o passeio ciclístico realizado como parte da programação - que percorreu o centro do Rio de Janeiro na quarta-feira, dia 13 -, ativistas levaram faixas e cartazes em que criticaram as taxas de inscrição, cujo menor valor era de US$ 270 dólares, cerca de R$ 1 mil.

Passeio ciclístico ocorrido durante o Velo-City 2018. ( Foto: Alexandre Macieira - RioTur)

Velo-city

Organizado pela Federação Europeia de Ciclistas (ECF), entidade que congrega diversas entidades europeias voltadas à promoção da bicicleta como meio de transporte, o Velo-city nasceu em 1980 na Alemanha. A edição carioca, patrocinada pelo Itaú-Unibanco, teve cerca de mil participantes de diversas partes do globo e 300 pessoas envolvidas na organização. Além disso, representantes de entidades com a ONU, Banco Mundial e a C40 cities, que reúne 90 dentre as principais megacidades mundiais, estiveram presentes.

Na conclusão do Velo-city foi apresentada a Declaração do Rio sobre o Uso da Bicicleta para Mobilidade Urbana Sustentável. Proposto pela Prefeitura da cidade, o documento estabelece um acordo de colaboração para troca de experiências sobre a promoção do uso da bicicleta como meio de transporte, com incentivo às áreas de educação e melhoria da infraestrutura viária. A declaração tem como signatárias as cidades de Paris, Dublin, Bruxelas, Copenhagen, Nijmegen e Rio de Janeiro.

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Alguns resumos e vídeos das atividades do evento podem ser conferidos aqui.

 

Bike Sampa

Durante o Velo-city a tembici, operadora responsável pelo principal sistema de compartilhamento de bicicletas de São Paulo, Bike Sampa, patrocinado pelo banco Itaú, apresentou números referentes ao sistema relativos a maio de 2018. Alguns destaques foram o índice de satisfação dos usuários, que subiu 37% em relação ao mesmo mês do ano anterior e o aumento do número de cadastros no sistema, 3,6 vezes maior que o registrado em maio de 2017.

 

O Blog São Paulo na bike viajou a convite do Itaú-Unibanco

 

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