Em Cidade Tiradentes, funk exalta óculos de R$ 800

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[kml_flashembed movie="http://www.youtube.com/v/ELZBox4ZDLU" width="425" height="344" wmode="transparent" /] Por Diego Zanchetta

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A música está na ponta da língua dos jovens de Cidade Tiradentes, distrito mais pobre de São Paulo, localizado no extremo da Zona Leste. O funk Bonde da Juju, da dupla Back Di Bio G-3, ecoa nos bailes aos fins de semana, nos carros, nas garagens. Juju, porém, não é nenhuma referência erótica a uma garota chamada Juliana - ou algo do gênero. A letra conta como é "da hora" ter os óculos escuros espelhados Oakley Juliete, modelo da moda que sai por R$ 800 nas lojas caras da Rua Oscar Freire, nos Jardins, a 38 quilômetros do bairro da periferia. Melhor ainda é usar o óculos tomando uísque com Red Bull, defende o funk.

O preço é um pouco menor que a renda média do morador do distrito, de R$ 864, segundo dados da Prefeitura. Cidade Tiradentes é um bairro de apenas 15 quilômetros quadrados onde moram 270 mil pessoas, a maior parte em conjuntos habitacionais construídos na década de 80.

Renato Barreiros, que mora no rico Itaim Bibi, na Zona Sul, mas é subprefeito em Cidade Tiradentes há mais de um ano, elogia o talento da dupla que fez a letra da música. "O som tem um ritmo legal. Os caras que fizeram o funk foram num churrasco e viram que todo mundo usava esses óculos. Aí veio a ideia do Bonde da Juju", conta o subprefeito, que conseguiu se aproximar da comunidade jovem da área ao promover festivais de funk no bairro.

No início do ano, Barreiros também ajudou a organizar a gravação de um CD só com cantores de funk de Cidade Tiradentes, com músicas sem referências eróticas, a armas ou ao crime organizado.

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Sobre o teor consumista da música, que exalta na periferia um produto teoricamente voltado aos "playboys" endinheirados, o subprefeito diz que o desejo gerado pelo capitalismo é o mesmo no Morumbi ou no fundão da Leste. "A ideia de se firmar pelas marcas ou pelo luxo não é exclusividade de bairro rico", argumenta o subprefeito.

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