Ouviram das escutas as sacanagens ácidas De um poderoso melancólico o brado esbravejante, E o sol da vaidade, em raios fingidos, Brilhou no céu da pátria agonizante.
Se o horror dessa indignidade Conseguimos nos enganar com lamaço forte, Em teu foro, ó impunidade, Desafia o nosso pleito a própria sorte!
Ó pátria roubada, Saqueada, Salve! Salve!
Brasil, um pesadelo imenso, um raio lívido De pavor e de gastança à terra desce, Se em teu tenebroso réu, risonho e límpido, A imagem do doleiro resplandece.
Gigante pela própria esperteza, És rico, és forte, impávido e grosso, E o teu futuro espelha essa safadeza
Terra devorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó pátria roubada! Dos filhos deste pré-sal és mãe gentil, Pátria roubada, Brasil!
Surrupiado eternamente em preço sórdido, Ao som do marqueteiro e à luz do golpe profundo, Fulguras, ó Brasil, corrupção da América, Iluminado ao sol do dono do mundo!
Do que a terra mais ferida Teus risonhos, lindos líderes têm mais dólares; Nossos políticos têm mais vida, Nossa vida no bolso deles mais valores.
Ó pátria roubada, Saqueada, Salve! Salve!
Brasil, de corruptor fraterno seja símbolo O bárbaro que ostentas endinheirado, E diga o verde-ouro dessa cédula Paz no empreiteiro e glória no advogado.
Mas, se ergues da justiça a delação forte, Verás que um militante teu não foge à luta, Nem teme, quem te apavora, a própria morte.
Terra devorada Entre outras mil, És tu, Brasil Ó pátria roubada!
Dos filhos deste pré-sal és mãe gentil, Pátria roubada, Brasil!