Nada é mais triste do que constatar uma imensa tragédia que vivemos em nosso querido e maltratado país. Ela está aí, bem diante dos nossos olhos, mas somos insensíveis e não tomamos nenhuma atitude para minorar o sofrimento causado pelo inexplicável abandono.
Pior ainda. Estamos completamente indiferentes, frios e distantes, como se o problema não fosse nosso. Afinal, a culpa é sempre dos outros, não é mesmo? De preferência dos governantes, dos políticos em geral, enfim, do "sistema" que é perverso e pronto. Então é simples assim e não precisamos nos mexer.
O melhor é fingir que não está acontecendo nada. É só passar direto, como se a gente não estivesse vendo o descaso com aquela "coisa" que está ali, quietinha, quase que conformada com o esquecimento a que foi submetida. E ela, coitada, só quer uma mão amiga que a leve para algum lugar que possa chamar de lar. Será que isso seria pedir muito?
Onde está a nossa humanidade? Aonde foi parar a nossa capacidade de indignação? Basta estender a mão e puxá-la que ela vem sem reclamar, sem fazer perguntas, sem se importar com o seu destino.
E por alguns instantes ela pensou que era importante e que estava sendo valorizada por alguém. Chegou a ser bem tratada, foi levada a um restaurante badalado, andou de carro e ficou famosa aparecendo na televisão.
Disseram até que iria para um palácio e seria tratada cerimoniosamente com apostos e mesóclises. Pura ilusão. Logo foi largada num canto qualquer e acabou em uma delegacia de polícia.
Pobre rechonchuda rica com 500 mil reais e sem dono. Se pudesse falar - ah, se pudesse falar! - talvez viesse lá do seu fundo bem forrado um apelo por alguns tostões de atenção. Está lançada a campanha Adote Uma Mala. Tio, você adotar-me-ia?