Show de acesso ...

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Por Fábio Bonini
Atualização:

Um grupo de amigos assistiu à Fernanda Montenegro, no monologo Viver sem Tempos Mortos, em que a atriz incorpora Simone de Beauvoir. Saíram todos maravilhados e me recomendaram a peça. Buscando informações na internet descubro que em maio Fernanda fará apresentações gratuitas nos CEUs da cidade. Achei uma iniciativa incrível. Afinal é sabido que São Paulo tem uma agenda cultural invejável, mas nem sempre acessível a todos. Meus amigos pagaram R$ 100,00 pelo ingresso do monólogo - preço impeditivo para grande parte da população. O iniciativa de levar esta excelente peça - e o talento de uma das maiores atrizes, senão a maior, do Brasil - para a periferia é parte da programação cultural de um evento que já está no seu terceiro ano consecutivo: CEU é Show. A secretaria de educação do município seleciona shows e espetáculos teatrais que se destacaram na agenda cultural paulistana e leva de graça para os CEUs e para a comunidade da periferia. Alem de Fernanda Montenegro, passarão pelos CEus Antonio Abujamra, Hector Babenco, Paulo Betti... A parte musical terá Toquinho, Ângela Ro Ro, Luiz Melodia, Simoninha, Rapin Rood, Luiza Possi, entre outros. Antes da apresentação dos artistas consagrados, músicos da comunidade faráo shows. As crianças terão uma programação especial, com shows de musica e peças infantis, entre as quais Quem tem medo de Curupira?, dirigida por Zeca Baleiro, Os Saltimbancos e Villa-Lobos para crianças. No total, serão mais de 800 shows e espetáculos teatrais, tudo de graça. E estamos falando de uma agenda cultural montada com o que foi sucesso de critica e público, os destaques da vida cultural paulistana. Muitas vezes a gratuidade é exaltada como a grande vantagem de uma programação cultural em espaços públicos. Mas nesse caso, o que chama a atenção é a principalmente a qualidade da programação. Outro fator que chama a atenção é que as apresentações acontecem nos CEUs, na periferia. São acessíveis não apenas pelo fato de serem gratuitas, mas por estarem fisicamente próximas das comunidades. Porque além da barreira econômica, os grandes centros culturais ficam distantes da população de bairros mais afastados. Muita gente, mesmo sem pagar pelo ingresso, não se sente a vontade e não tem disposição (ou dinheiro) para "viajar" até os locais onde normalmente acontecem os melhores shows e espetáculos da cidade.

Confissões de Rodapé: Não há educação sem cultura e nem há cultura sem educação ....

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