Edison Veiga
17 de agosto de 2010 | 09h32
EM MEIO AOS MORTOS
Parecia resolução de Ano-Novo. “Era 1.º de janeiro deste ano quando comecei este projeto”, conta o fotógrafo J. Andrade. Sua ideia era retratar as esculturas e imagens encontradas entre túmulos dos cemitérios tradicionais de São Paulo. Foram três sessões de cinco horas cada. Uma no Cemitério da Consolação, outra no Araçá, outra no São Paulo. “No total, fiz umas 4 mil imagens”, calcula. Trinta e cinco delas (como a que aparece acima) podem ser conferidas na exposição Réquiem – Requiem Aeternam Doan Eis – Dai-lhes o Repouso Eterno até o dia 31, na Estação Clínicas do Metrô.
Técnico em edificações, Andrade foi dono de escritório de arquitetura por 12 anos. “Há quatro anos, quando completei 30 de idade, resolvi me dedicar à fotografia em tempo integral”, diz ele. “Este foi o meu primeiro trabalho em preto e branco.”
Com a exposição, ele não ganha nenhum centavo. E diz que, com essas fotos, não pretende faturar mesmo, nem que outras mostras surjam. “Não ia ficar legal ganhar dinheiro com algo que representa a dor das pessoas”, diz.
Publicado originalmente na edição impressa do Estadão, coluna ‘Paulistices’, dia 16 de agosto de 2010
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