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Paulistices, cultura geral e outras curiosidades

Para ler no caminho

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Por Edison Veiga
Atualização:
 Foto: Estadão

FOTO: TIAGO QUEIROZ/ ESTADÃO

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Para quem gosta de ler, não importa a hora nem o lugar. Para quem quer incentivar a leitura em uma cidade gigante como São Paulo, alternativas de tempo e espaço também são bem-vindas. O trânsito, por exemplo. De vilão, monstro consumidor de horas diárias, pode ser convertido em aliado no consumo de letrinhas.

Assim nasceu o projeto bibliotáxi. Brotou dentro de uma entidade que trabalha justamente com questões de mobilidade urbana, o Instituto Mobilidade Verde. "Queríamos uma biblioteca que andasse pelas ruas, fosse acessível e prática. Então, por que não envolver os taxistas?", diz o presidente do instituto, Lincoln Paiva. Assim, os taxistas foram incentivados a carregar uma caixa com alguns livros no banco de trás. E oferecer para quem quiser ler no caminho - ou até mesmo emprestar.

Os livros passaram a ser obtidos por meio de doação e cada taxista pode retirar 15 livros em endereços divulgados pelo instituto. "Mas não somos 'donos' do projeto", diz Paiva. "Desenvolvemos a tecnologia social. Quem quiser, que replique." A Easy Taxi, aplicativo para agendar corridas pelo celular, passou a incentivar o uso. Resultado: a estimativa é de que cerca de 10 mil taxistas em São Paulo já tenham rodado, pelo menos uma vez, com a caixinha de livros no banco de trás.

O Instituto Mobilidade Verde também se tornou apoiador de outro projeto livreiro. Trata-se da bicicloteca, ideia do ex-morador de rua Robson César Correia de Mendonça. Ele começou a rodar com a biblioteca carregada com 200 livros em 2011. Logo, ganhou a mídia - e a simpatia de patrocinadores. Hoje há 12 circulando pela cidade.

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Inventado pelo escritor Mario de Andrade (1893-1945) nos anos 1930 - quando ele era diretor de Cultura de São Paulo -, há também o ônibus-biblioteca. A Prefeitura mantém 12 veículos equipados com livros, que fazem 72 roteiros na capital.

Mas se a questão é ler nos deslocamentos urbanos, não há como não se lembrar das bibliotecas do Metrô. Desenvolvidas há nove anos pelo Instituto Brasil Leitor, chegaram a ser seis em São Paulo. "Por falta de patrocínios, acabamos fechando várias unidades e atualmente estamos apenas com a do Paraíso", diz Gustavo Gouveia, coordenador de rede das bibliotecas do instituto. Nessa unidade, são feitos 90 empréstimos de livro por dia - há 20 mil usuários cadastrados. "O legal é que a iniciativa acabou sendo levada também para outras cidades. Temos bibliotecas nos metrôs de Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio e Recife, por exemplo."

Tema da coluna veiculada pela rádio Estadão em 29 de novembro de 2013

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