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Os livros censurados do Mosteiro de São Bento

Biblioteca quatrocentona conta com títulos que já foram proibidos pela Igreja Católica

Por Edison Veiga
Atualização:

 Foto: Daniel Teixeira/ Estadão

Entre os cerca de 100 mil livros da preciosa biblioteca do Mosteiro de São Bento, no centro de São Paulo, há vários que já foram proibidos pela própria Igreja Católica. São obras que constaram do famigerado index, a lista de obras censuradas pelo Vaticano, que vigorou até 1966. "No jornal L'Osservatore Romano, edição de 15 de junho de 1966, foi publicado o decreto do papa Paulo VI, eliminando o index", pontua o monge beneditino João Baptista, atual responsável pela biblioteca.

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A pedido do blog, Baptista destaca algumas dessas obras que existem no acervo do mosteiro (os comentários são dele):

o Steganographia, 1676 de Johannes Trithemius. Trata-se de uma curiosa obra que trata da ocultação de mensagens e dialoga com escritos esotéricos e códigos, algo como telepatia e hipnotismo na nomenclatura da atualidade. Esta é a obra mais importante do autor e também a mais controversa. Trithemius foi monge beneditino, abade de Sponheim. A obra foi escrita por volta de 1500, mas apenas impressa um século depois. Ao ser impressa já foi incluída no index pelo decreto de 7 de setembro de 1609.

o Primeira tradução da Bíblia para o alemão, feita por Martinho Lutero. Trata-se de uma edição luxuosa em couro e metal de 1656. A Igreja não permitia a tradução da bíblia, que só podia ser utilizada na versão latina chamada de Vulgata, feita por São Jerônimo.

o Edições de O Príncipe de Maquiavel - todas do século 19.

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o Alguns volumes da Encyclopédie de Diderot, século 19. Algumas dessas escritas também por Voltaire e Montesquieu.

o Edição do século 19 Du Contrat Social, de Rousseau.

o Primeiras edições das obras de Sartre em francês.

o Sermões do Mestre Eckhart, dominicano alemão do século 14. Algumas de suas ideias foram condenadas pelo tribunal da inquisição. As obras no mosteiro estão em alemão e francês e são todas do século 20.

Fotos: Divulgação Foto: Estadão

Até o dia 8 de abril, está em cartaz na biblioteca do Mosteiro de São Bento a mostra Censurados, uma instalação dos artistas Raphael Amorim e Andrea Costakazawa. É uma reflexão sobre como livros já foram (e em alguns momentos ainda são) combatidos por governos e religiões. Em destaque, um olhar sobre alguns períodos da humanidade, como as duas Guerras Mundiais, o Holocausto, a Ditadura Militar no Brasil, a Guerra Fria e a Crise de 1929.

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Sob agendamento (por este link), é possível conferir a mostra, em uma das salas do mosteiro. As visitas são guiadas apenas às terças e quintas-feiras, das 14h às 17h. Importante frisar: as obras do index, listadas acima, não estão em exposição. A seguir, vídeo criado pelos artistas:

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