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Paulistices, cultura geral e outras curiosidades

Jardim da Aclimação

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Por Edison Veiga
Atualização:

"O Dr. Carlos Botelho tinha no vale da Aclimação uma granja leiteira com campinas e estábulos modernos. Fornecia às famílias e hospitais o melhor leite de São Paulo.

Quando fui lá pela primeira vez, já estava por metade do tamanho. Pela outra metade era um parque aberto ao público.

Havia lugares para piqueniques.

O córrego estava represado num lago, onde pares vogavam em canoas, comendo sanduíches.

No cercado ao centro, com altas paredes de cimento, havia ursos rodeados por valas profundas.

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Numa jaula bocejava uma família de leões.

Noutra, duas onças de mau hálito.

Havia uma capivara, coatis, um tamanduá, carneiros, cabritos e macacos.

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Um jacaré cercado à beira de um filete de água.

Passavam baleiros, sorveteiros, vendedores de pastéis, cocadas e pés-de-moleque.

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Fotógrafos tiravam retratos de motorneiros da Light, sentados, a mulher atrás, pondo-lhes a mão no ombro. Nas vitrinas de exibição, havia retratos de meninas vestidas para primeira comunhão, um garçom e sua noiva, em trajes de casamento, três caixeiros de palheta sentados à mesa do parque, bebendo cerveja.

Em certo ponto do jardim, havia uma cobertura onde tocava a banda de música. Os músicos coçavam as pernas por causa das motucas.

Tabuleiros de cocadas, pastéis e pés-de-moleque, de que se afugentavam as moscas com espanadores feitos de tiras de papel picado."

Excerto do livro São Paulo Naquele Tempo (1895-1915), de Jorge Americano (Carrenho Editorial, Narrativa Um e Carbono 14, 2004)

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