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Paulistices, cultura geral e outras curiosidades

De karaokê a bacon, tudo ganha associação em SP

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Por Edison Veiga
Atualização:

Hobbies, ideais e afinidades rendem não só trocas de experiências - ao vivo ou virtuais -, como também passeios e até megaeventos

Em parceria com NATALY COSTA

 Foto: Estadão

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Hobbies, afinidades culturais, ideais compartilhados. Tão diferentes podem ser as motivações para um grupo montar uma associação que isso, por si só, já garante a existência de entidades dos mais variados tipos. Um exemplo é a Associação dos Colecionadores de Embalagens de Cigarros e Afins (Aceca), fundada em 1990. "Em casa ninguém fuma, mas eu sou um dos maiores colecionadores, com cerca de 8 mil embalagens", conta o professor de Educação Física aposentado Antonio Fiaschi Teixeira (foto acima), de 57 anos. "Na associação, aliás, menos de 10% são fumantes." A Aceca tem 96 sócios, que se reúnem cerca de cinco vezes por ano. "Tenho um escritório só para guardar minhas embalagens. São umas 50 mil ao todo", diz o presidente Ricardo Locatelli, um dos poucos que fumam no grupo.

E talvez seja difícil encontrar em outro lugar que não São Paulo um grupo tão peculiar quanto a Associação das Esposas de Executivos Franceses - ou São Paulo Accueil, como ultimamente vem sendo conhecida a entidade criada há mais de 30 anos. Mas com que propósito?

"Acolher as mulheres ou qualquer um que fale francês", conta Florence Balay, de 54 anos, uma das associadas, casada com um executivo - ela francesa, ele brasileiro. A única regra é ajudar os francófonos, principalmente as famílias recém-chegadas. "O começo é sempre difícil, a procura por apartamento, móveis, escola para os filhos. Vou na loja e compro um celular para a esposa, ajudo na mudança", diz.

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 Foto: Estadão

A associação conta com 280 famílias e tem uma anuidade de R$ 100. Mas as atividades não são só burocráticas, pelo contrário. As mulheres se encontram pelo menos uma vez por mês para um café, uma ida ao museu, uma sessão de costura ou de jogo entre amigas. Há algumas semanas, o grupo foi ao Memorial da América Latina (foto acima) ver os murais Guerra e Paz, de Candido Portinari.

A atual presidente, Catherine Tissot, de 46 anos, chegou à cidade em setembro e já se sente acolhida. "Em São Paulo existe muita solidariedade entre as famílias francesas, fui muito bem acolhida aqui. A única coisa que não entendo é o rodízio", conta ela, que antes morava em Buenos Aires com o marido - ele sim um executivo francês.

A "associação das associações" dos entusiastas do karaokê - amadores que levam o esporte a sério, diga-se de passagem - é a União Paulista de Karaokê (UPK), presidida por Toshio Yamao, de 72 anos. Apesar de ditar todas as regras para os aspirantes a cantores, ele mesmo não solta a voz. "Nunca cantei. Entrei nessa por causa dos meus filhos, que gostavam", explica.

Para quem não sabe, a UPK tem mais de 200 associadas no Estado de São Paulo - mais de 50 só na capital. Uma vez por ano, um megaevento junta todos os cantores amadores do Estado e promove um concurso dividido por faixa etária - tem cantor de 2 a 90 anos de idade - e grau de especialidade (iniciante, extra, super extra).

Toshio conta que tem "brasileiro puro" cantando muito bem em japonês nos concursos. E mesmo os bons não podem cantar a música toda, não: só são permitidas duas estrofes. O tempo é curto para mostrar o talento. "É só um trecho da música, são dois minutos. Como são muitos participantes, não dá tempo de cada um cantar a música inteira."

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Cada concurso tem entre 3 e 4 jurados - nos maiores, são mais de 30 e quase 300 candidatos. Toshio não quer nem ouvir falar nos populares karaokês da Liberdade, onde a cantoria boêmia rola solta.

"Esse tipo de karaokê que vocês conhecem é bar. Não tem nada a ver. Aquilo é bar, boate, coisa parecida. O nosso é para ir família inteira, alugamos um salão ou vamos em uma das sedes das associações." O da Rua Vergueiro, 193, é um dos endereços preferidos.

 Foto: Estadão

Redes sociais. Entidades diferentes também estão presentes nas redes sociais. A Associação dos Amantes do Bacon (Amabacon) não existe de forma oficial, mas já arrebanhou 295 fãs no Facebook (imagem acima). "Trata-se de um espaço lúdico mental e fisicamente nutritivo, deveras virtual, bem à moda e aos moldes de similares locais da chamada 'World Wide Web', não possuindo, por conseguinte, e a saber, sede, validade legal ou representatividade política", enfatizam os presidentes Gabriel "el Draga" e Luiza "la Cônica", na companhia de Osíris, o querido porco de estimação da dupla.

Reportagem publicada originalmente na edição impressa do Estadão, dia 29 de abril de 2012

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