Edison Veiga
13 de fevereiro de 2015 | 17h05
Desde que o Conpresp, órgão municipal de proteção ao patrimônio, aprovou o projeto das construtoras Cyrela e Setin para o terreno de 23,7 mil metros quadrados chamado de Parque Augusta, críticas não pararam de ser feitas. Em depoimento à reportagem, a arquiteta e urbanista Nádia Somekh, presidente do Conpresp, defendeu o trabalho dos conselheiros. Confira:
“Ao contrário do que vem sendo dito, o formato como o projeto das construtoras foi aprovado pelo Conpresp foi uma vitória. Pessoalmente, venho acompanhando essa área há 40 anos, desde quando era estudante da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) e fui fotografar a demolição do antigo colégio. Há muito tempo a cidade vem procurando uma solução para essa área que, como se sabe, tem na escritura exigência de que seja protegida a área verde. É um terreno que já vem sendo pensado como parque para a cidade, portanto.
É evidente que todos querem um parque mas a área é muito cara para desapropriação. Não sei se seria uma prioridade para a Prefeitura, com tudo o que acontece em São Paulo, com o orçamento restrito… Em geral, desapropriações são um prejuízo para a municipalidade. Além disso, precisamos de outros parques.
Nossa vitória pode ser explicada por diversos pontos. Primeiro, o projeto apresentado atende à resolução do Conpresp – porque eles (os responsáveis pelas construtoras) pressionaram muito a gente para mudarmos a resolução que protege a área verde e os remanescentes do colégio. Nesse sentido, tanto os conselheiros como a população foram muito ativos. Não queriam que o conselho mudasse a resolução para permitir torres mais altas, que iriam fazer sombra, seriam ruins, não muito adequadas para a área. Pois a resolução do Conpresp, de 2004, define que a área seja protegida, que a altura dos edifícios seja de no máximo 45 metros e que os remanescentes da escola sejam preservados. Tudo isso está mantido.
Além disso, o projeto prevê fruição do espaço público em toda a área térrea, inclusive da parte onde estarão os edifícios. E haverá um parque, mantido pelo condomínio. Demos anuência.
Tenho convicção de que estamos tecnicamente corretos. A resolução define as regras e os conselheiros unanimemente aprovaram isso porque estava dentro da resolução. Vamos conseguir um parque sem custo para a Prefeitura e com a garantia de fruição pública.”
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