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"A lei determina Parque Augusta em 100% do terreno", diz vereador

Em artigo, um dos autores do projeto de lei que cria o parque rebate associação de moradores

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Por Edison Veiga
Atualização:
 Foto: Estadão

 Foto: Felipe Rau/ Estadão

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Por Aurélio Nomura*

Sou defensor do Parque Augusta há pelo menos dez anos, quando comecei a me envolver na luta por uma das últimas áreas verdes da cidade de São Paulo ainda com remanescentes da Mata Atlântica e gravemente ameaçada pela especulação imobiliária.

É lamentável que um órgão como o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) tenha decidido aprovar a construção de empreendimentos imobiliários na área destinada ao parque. A alegação das construtoras, de que parte da área será usada para o Parque Augusta, não é o que determina a lei sancionada pelo prefeito Fernando Haddad em dezembro 2013.

Ao ler esta semana a carta aberta da vice-presidente da Associação de Moradores e Amigos do Bairro da Consolação e Adjacências (Amacon), Lia Zalszupin, me chamou a atenção especialmente o trecho em que ela afirma que a lei em vigor não faz nenhuma referência à implantação do parque em 100% do terreno. Ela comete um erro de interpretação.

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Criada a partir de um projeto de lei de minha autoria, em parceria com o ex-vereador Juscelino Gadelha (PSB), a lei é clara ao determinar a localização do parque na confluência das ruas Augusta, Caio Prado e Marquês de Paranaguá, em área da Subprefeitura da Sé. O que significa, sim, 100% da área.

É clara também ao definir ações relacionadas à prática de atividades físicas, educação ambiental e preservação da memória paulistana. Não há na lei qualquer brecha para que construções imobiliárias ocupem a área ou parte dela.

O Projeto de Lei 345/2006, que deu origem à Lei 15.941/2013, ganhou a coautoria de outros nove vereadores devido à sua importância e foi aprovado por unanimidade na Câmara Municipal de São Paulo após intenso trabalho da Comissão Extraordinária Permanente do Meio Ambiente, na época presidida por mim. Foram muitas sessões ordinárias e duas audiências públicas até conseguirmos a aprovação do projeto.

Com a sanção do prefeito, os moradores da região, que tanto batalharam para a criação do parque, comemoraram ao acreditar que teriam assegurados um local de lazer, e a cidade garantiria sua última área verde em plena região central. Não foi o que se viu depois quando a atual gestão alegou não ter verba para a compra do terreno.

Vereador pede que lei não seja ignorada

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Fui ao Ministério Público Estadual com os vereadores da Frente Parlamentar pela Sustentabilidade contestar essa alegação da Prefeitura. Ouvi dos promotores Silvio Marques (Promotoria da Cidadania) e Luís Roberto Proença (Promotoria do Meio Ambiente) que os custos para a compra da área poderiam ser bancados, em parte, pela indenização de US$ 20 milhões paga pelo Deutsche Bank à Prefeitura de São Paulo, no acordo com o Ministério Público Estadual por ter movimentado dinheiro de obras públicas na gestão do ex-prefeito Paulo Maluf.

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"Se a lei não for cumprida e o parque não for implantado em sua totalidade, ajuizarei uma ação contra a Prefeitura", afirmou na ocasião o promotor Silvio Marques.

Por intermédio da Comissão de Finanças e Orçamento, da qual faço parte, solicitei à Secretaria Municipal de Finanças e Desenvolvimento Econômico informações sobre a arrecadação proveniente de outorgas onerosas de empreendimentos no entorno do parque (nas ruas Augusta, Frei Caneca, Consolação e Santo Antônio) entre os anos de 2005 e 2012.

No mesmo requerimento, questionei a destinação dada pela Prefeitura ao montante de 1 milhão de libras esterlinas, recebido em junho de 2013, referente à primeira parcela do repasse determinado pela Justiça da Ilha de Jersey contra as empresas ligadas a Paulo Maluf. Entreguei cópias desses documentos ao Ministério Público em outubro do ano passado e ainda não recebi as respostas.

O que os defensores do Parque Augusta querem é preservar uma das últimas áreas verdes da capital paulista. O que queremos é garantir uma cidade mais humana e sustentável. O que não queremos é que a lei já sancionada seja simplesmente ignorada.

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* O vereador Aurélio Nomura (PSDB) é membro da Comissão de Meio Ambiente e da Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara; relator da CPI das Áreas Contaminadas e da Subcomissão de Iluminação Pública e 1º Secretário da Mesa Diretora.

Leia mais: >Outra visão sobre a questão do Parque Augusta, pelo arquiteto Benedito Lima de Toledo. >Associação quer permuta para que a Prefeitura assuma o controle do Parque Augusta. >Presidente de construtora detalha como é o projeto do parque. >Entenda o histórico do Parque Augusta.

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