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Política paulistana

Chefe de fiscais em São Mateus culpa falta de estrutura por tragédia

Por Diego Zanchetta
Atualização:

Em depoimento na Comissão de Política Urbana da Câmara Municipal no início da tarde de hoje, o engenheiro Alfredo Consiglio Carrasco, coordenador de Planejamento e Desenvolvimento Urbano da Subprefeitura de São Mateus, culpou a falta de estrutura do órgão pelo desabamento da obra que matou 10 pessoas na semana passada.

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Servidor municipal desde 1991 e lotado há 5 anos em São Mateus, na zona leste, Carrasco também disse que estava no cargo "a contragosto" e que era obrigado a atuar como "goleiro, zagueiro, meio-de-campo e técnico", em referência à ausência de fiscais no órgão, onde estão lotados sete agentes vistores. "Só que dois precisam fazer (a fiscalização) as feiras", pontuou. "Há falhas gritantes (no trabalho de fiscalização)", emendou, ao ser questionado sobre o fato de uma obra embargada estar em andamento.

"Já pedi remoção várias vezes. Moro no Horto Florestal (zona norte) e rodo 40 quilômetros por dia para trabalhar, duas horas pra ir e duas horas pra voltar. Estou nessa função a contragosto", continuou Carrasco. Ele disse que nunca chegou a passar perto da obra irregular, que estava embargada.

O coordenador assumiu a função de chefe da fiscalização em fevereiro. Antes ele exercia a função de supervisor de licenciamentos na mesma subprefeitura, onde está desde 2007. "Esse cargo de coordenador (da fiscalização) ficou vago por cinco meses até eu assumir. Não havia ninguém para coordenador o trabalho de fiscalização", revelou. Hoje são 7 agentes vistores na subprefeitura e 2 deles fazem só fiscalização de feiras livres.

Ao lado do chefe da fiscalização estava o subprefeito de São Mateus, Fernando Elias, visivelmente constrangido. Questionado, ele disse que não era sua função administrativa fazer a fiscalização da obra no local. Os depoimentos provocaram indignação nos parlamentares da Comissão de Política Urbana.

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"É inadmissível que vocês culpem a falta de estrutura. Tem de se acabar com a cultura do sofá dentro das subprefeituras. O subprefeito precisa rodar, conhecer o bairro e as principais obras que estão em andamento na sua região", criticou Andrea Matarazzo (PSDB), ex-secretário de Coordenação de Subprefeituras e presidente da Comissão de Política Urbana. "Pelos relatos trazidos à comissão, existem falhas graves de estrutura dentro da Prefeitura", disse Nabil Bonduki.

Para Police Neto (PSD), os depoimentos reforçam a necessidade de abertura de uma subcomissão só para investigar a tragédia em São Mateus. "Não tem muito nexo esse juntado de coisas que foram argumentadas. O que percebemos é que todo mundo estava vendo (a obra embargada), todos conseguiam enxergar, mas muitos não queriam enxergar", disparou.

O governista Toninho Paiva (PR) também criticou o coordenador. "Se o senhor está no trabalho a contragosto então o senhor não tinha mesmo vontade de fiscalizar nada", disse.

CONSTRANGIMENTO

Paulo Frange (PTB) também causou constrangimento em Carrasco quando questionou o coordenador se o posto de gasolina que funcionava antes no local da obra embargada em São Mateus tinha licença de funcionamento. Logo após responder que "achava" que o posto era regular e tinha licença, Frange mostrou documento da Prefeitura que mostrava a situação irregular do posto a partir de 2011.

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 Foto: Estadão

 

 

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