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Espaços públicos, caminhadas e urbanidade.

Um paulista caminha pelo centro de Curitiba e Rio de Janeiro e se encanta com os dois. Por motivos diferentes.

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Por Mauro Calliari
Atualização:

É um prazer conhecer cidades a pé. Caminhando, dá para andar pelo centro histórico inteiro e sentir o astral do lugar. Eu estive no Rio e em Curitiba, numa mesma semana. A proximidade das caminhadas me fez pensar em como dois lugares podem ser tão diferentes e ao mesmo tempo tão agradáveis.

Curitiba. Largo da Ordem. Foto: Estadão

Rio de Janeiro. Largo da Carioca. Foto: Estadão

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O centro do Rio é um mergulho na história do Brasil. A cada quarteirão, uma atração e uma lembrança do nosso imaginário coletivo. O Teatro Municipal, a Biblioteca Nacional, a Cinelândia, a Rua do Ouvidor...Em Curitiba, a região central é muito mais nova e chama a atenção menos pelos marcos arquitetônicos e mais pelo conjunto, como o lindo largo da Ordem que nos lembrar de um tempo em que alguém resolveu plantar uma cidade em meio às araucárias.

Rio de Janeiro. O movimento e o burburinho do centro. Foto: Estadão

Curitiba. Jogo de xadrez na rua de pedestres Foto: Estadão

No Rio, há papéis de embalagem e bitucas jogados no chão. O cheiro é de gás e gente e pedra e maresia. As calçadas de Curitiba são limpas, limpíssimas.

Rio de Janeiro. Lojas em conjunto colonial preservado Foto: Estadão

Curitiba. A Rua 24 horas Foto: Estadão

O comércio do centro do Rio tem de tudo, até uma loja de chapéus num conjunto arquitetônico que deve ter 200 anos de idade e está muito bem preservado. Em Curitiba, entro na Rua 24 horas, uma invenção que não é shopping nem é rua, mas tem gente a qualquer hora e é bem agradável.

Rio de Janeiro. Confeitaria Colombo Foto: Estadão

Curitiba. Bares na rua Foto: Estadão

No Rio, sento com reverência em meio aos espelhos e lustres da Confeitaria Colombo, de 1894, e penso em Machado de Assis,espartilhos e polainas. Em Curitiba, procurei o café da livraria Ghignone. Não encontrei, me disseram que fechou e vou tomar um café num quiosque simpático no calçadão, enquanto vejo um mini-torcedor do Atlético Paranaense. Penso em Paulo Leminski.

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As ruas do Rio são uma soma de tempos históricos, de construções que se sobrepõem, de morros que não existem mais. As ruas de Curitiba exprimem um plano concebido e executado ao longo de décadas. Penso em Pereira Passos e Jaime Lerner.

Rio de Janeiro. O VLT quase pronto Foto: Estadão

Curitiba. Bonde vira atração em rua de pedestres Foto: Estadão

No Rio, anda-se a pé, de metrô, ônibus, carros, taxis e o que mais houver. Agora vai ressurgir o bonde, com o nome bonito de VLT. Em Curitiba, os ônibus andam numa via exclusiva, com aquela estação de embarque que inspirou tantas outras cidades e que agora começa a parecer quente demais e pequena demais para tanta gente.

Rio de Janeiro. Museu do Amanha Foto: Estadão

No Rio, depois de caminhar horas, chego à Praça Mauá. Contemplo as camadas do tempo: o Edifício A Noite, que acomodou a Radio Nacional, o antigo Palacete D. João VI que virou o museu MAR, um edifício de escritórios moderno ao lado de um prédio da Marinha, em pedra. A cereja desse bolo é o moderníssimo - e estranhíssimo - Museu do Amanhã. A praça está cheia, uma fila de turistas esperando pela abertura do museu. Converso com a simpática senhora que trabalha no Terminal Marítimo. Vejo o mar e penso em como é bom caminhar no Rio!

Curitiba. Praça General Osório Foto: Estadão

Em Curitiba depois de horas de caminhada, chego à Praça Osório. Vejo dois homens conversando. Perto deles, uma moça sentada sozinha, olhando o movimento e pensando na vida, sob uma sombra fresquinha. Sento num banco tranqüilo e penso em como é bom caminhar em Curitiba!

Fotos: Mauro Calliari

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P.S. Se você quiser explorar o ABC das caminhadas urbanas, clique aqui.

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