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Espaços públicos, caminhadas e urbanidade.

Patinetes. Como tratar esses novos habitantes da cidade?

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Por Mauro Calliari
Atualização:
 

Os patinetes parecem ter invadido não só só as ruas e calçadas mas também o imaginário coletivo da cidade.

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Desde o início do serviço de aluguel de patinetes, tem havido um número crescente de relatos de atropelamentos, de quase atropelamentos e muita chateação na convivência entre esse novo ser elétrico e os bípedes.

Apesar da base ainda pequena, a novidade parece ter agradado uma certa camada da população de São Paulo, moradores da região oeste, onde estão concentrados, capaz de pagar um valor de R$1 para cada quinze minutos para se deslocar.

Pesquisa mostrada ontem pela empresa Grow  (que juntou duas concorrentes a Grin e a Yellow e fez um evento para destacar o papel do patinete como.parte da micromobilidade), mostra que quase 40% das pessoas que usam os patinetes deixaram de usar o carro para ir ao trabalho. Aos finais de semana, porém, o maior uso é para lazer mesmo, até com crianças, o que deveria ser proibido.

 

Em outras cidades do mundo, o conflito tem sido resolvido de maneiras distintas. Em algumas delas, os patinetes foram proibidos nas calçadas. Em outras, regulamentados, como parece vir a ser o caso de São Paulo, onde  há  sugestão de que eles não ultrapassem 6 km por hora quando estiverem nas calçadas.

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O arquiteto responsável pelo programa de segurança no trânsito de Lisboa, Pedro Gouveia, acredita que proibir os patinetes seria tão ruim quanto deixá-los trafegar sem regulação nenhuma. Ou seja, é melhor se conformar com o fato de que a tecnologia muda sem nosso controle, mas ao poder público cabe decidir em que condições ela deve funcionar.

Como meio de mobilidade, o patinete é um ser estranho, que se move através de motor elétrico, custa relativamente caro, chega a perigosos 20 km por hora e tem rodinhas tão pequenas que tornam cada buraco ou desnível um perigo. Mas é uma alternativa ao trânsito, é mais silencioso e polui menos que um carro e hoje já divide as ciclovias com as bicicletas e as calçadas com os pedestres.

Especialistas defendem o básico: investir em ciclovias para acomodar patinetes, bicicletas e tudo o mais que parece estar sendo inventado em termos de mobilidade.  Também precisamos de mais áreas de calçadas, o que, diante das multidões que frequentam a rua Augusta, a Paulista, a Santo Amaro, parece mais óbvio ainda.

 

O fato é que hoje falta espaço para esse novo habitante que foge dos carros das ruas mas que acaba ameaçando as pessoas nas calçadas.

É ali que o patinete se torna um motivo de conflito. Assim, ao mesmo tempo em que vale a pena aceitá-lo como solução inevitável de mobilidade, não é possível ignorar o fato de que tem gente que dirige como se estivesse na pista de corrida.

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A questão é sempre a mesma - educação. Afinal, um patinete não anda sozinho, ainda.

Ele depende de motoristas. E muitos dirigem mal mesmo. É a educação que faz a gente não precisar de leis para cada coisa. Nesse caso, elas seriam algo como:

"Não se pode tirar fina de pessoas, principalmente se ela estiver com uma criança no colo"'.

"Não avance em direção à canela de alguém a 20km/hora".

"É proibido assustar os pedestres".

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Francamente, em vez de leis, estamos precisando que as pessoas que dirigem os patinetes se liguem nesse assunto, como adultos que se preocupam com os outros. Apesar de ser um veículo lúdico e divertido, o patinete pode machucar.

Se você for dirigir um deles, quando encontrar pedestres, diminua a velocidade até a mesma velocidade de quem estiver andando a pé, ou desça do seu patinete quando tiver muita gente na sua frente.

Olhe no olho de quem vem vindo. Assegure a pessoa de que você a viu.

Não se trata apenas de mobilidade. Trata-se de educação mesmo.

 

fotos: Mauro Calliari

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