A Prefeitura de São Paulo já escolheu o material que vai ser aplicado no calçadão da região central. Trata-se de placas de concreto pré moldadas, como essas que estão na foto abaixo, escolhidas após um período de testes.
O piso atual, com pedras portuguesas e concreto. Foto: Mauro Calliari
Segundo a coordenadora da Comissão Permanente de Calçadas de São Paulo, Matilde da Costa, a principal razão pela opção das placas é a fácil manutenção, principalmente diante das tantas reformas das concessionárias, empresas de telefonia, além da ENEL e SABESP, que criam remendos horríveis a cada intervenção.
Algumas pessoas reclamaram da substituição das pedras portuguesas, principalmente pelo valor simbólico -- o material está sendo usado desde o início dos calçadões, em 1976, numa época em que ainda havia bancos, luminárias e floreiras.
É triste, mas o fato é que a Prefeitura nunca conseguiu fazer manutenção adequada, o que leva os aproximadamente dois milhões de pessoas que andam pelo Centro todos os dias a driblar os buracos e tropeçar nas irregularidades. Diante da nossa incapacidade crônica de fazer manutenção em viadutos, fiação, praças e calçadas, talvez seja inevitável escolher o caminho mais pragmático, numa solução que, se não é a mais bonita, pelo menos, parece um revestimento digno e seguro para os pedestres. Por outro, lado, é importante mesmo preservar um pouco da memória das simpáticas pedras portuguesas -- e dos calceteiros, os profissionais especializados nesse piso, uma profissão que está desaparecendo -- que nos acompanharam nas últimas décadas. Como a Praça Patriarca e o Viaduto do Chá são tombados e terão que manter as pedras, poderia ser incluído no projeto algum um desenho bonito, que valorize a memória dessa herança de Portugal, tão presente no Brasil, como nos calçadões de Copacabana ou em Manaus. Ou como nesse trecho da avenida Liberdade, em Lisboa, abaixo.
A expectativa da Prefeitura é fazer a licitação no 2° semestre, com o término das obras em 2020.