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Uber expande operação em SP e lança serviço só para o extremo sul

UberSul dá 15% de desconto em relação ao UberX, função popular do aplicativo, e vale nos horários de pico; com proibição aprovada, empresa diz que viu 'limitações' no transporte da região

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Por Bruno Ribeiro
Atualização:

Enquanto continua sem regulamentação por parte da Prefeitura de São Paulo-- e com a proibição aprovada pela Câmara Municipal -- a Uber afirma ter identificado "limitações" no transporte público na periferia da capital e passou a oferecer, desde o começo desta semana, uma função em seu aplicativo exclusiva para atender a população do extremo sul da capital.

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A função "UberSul" só aparece quando o programa identifica que o usuário está nos bairros do extremo sul da cidade, e oferece motoristas com 15% de desconto em relação ao UberX, o serviço mais popular do sistema, nos horários de pico, das 6h às 10h e das 16h às 21h. O serviço vale para bairros como Parelheiros, Capela do Socorro, Grajaú, e Campo Limpo. É uma versão beta (de testes) e ainda poderá ser estendido a outras regiões periféricas, segundo o diretor de comunicação da empresa, Fabio Sabba. "A ideia surgiu a partir de um motorista", conta ele. "Depois que passou a ponte, ele resolveu ligar o aplicativo para ver o que acontecia", diz. E surgiram pedidos, conta. Sabba explica que a proposta é atrair gente que desceu do ônibus ou da estação de trem ou metrô para completar a viagem - o que os engenheiros de trânsito chamam de "last mile", o último trecho da viagem, que é hoje é feito a pé ou em lotações. Assim, além da concorrência com os táxis - que já terminou até com um motorista da Uber agredido, há dois meses -, a UberSul oferece um serviço que, até hoje, era exclusivo dos perueiros da SPTrans. "A gente pensa só no usuário", desconversa Sabba, ao ser questionado sobre os concorrentes.

A entrevista com o diretor da Uber foi concedida sob a condição de que o porta voz não comentaria a recente declaração do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), que manifestou intenção de regulamentar o serviço.

Sobre esse assunto, a empresa enviou uma nota:

"

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A declaração do Prefeito reflete sua preocupação em ouvir a população, que cada vez mais busca formas de deixar seu carro particular em casa. A Uber mais uma vez afirma que está completamente aberta para debater e cooperar com a Prefeitura para criar uma regulamentação moderna que ajude a fomentar o empreendedorismo, a criar novas oportunidades de trabalho e, ao mesmo tempo, melhorar o trânsito da cidade"

UberSul.

O motorista Nelson Bazolli, de 55 anos, que vem trabalhando pelo UberSul nesta semana conta que tem feito "umas 17" corridas por dia. "Além da pessoa que pede na estação, tem muita gente que pede também no supermercado", conta. O motorista diz que não passou por nenhuma situação de insegurança na periferia. Primeiro porque o pagamento é eletrônico, sem dinheiro. Segundo porque, segundo ele, "nem encontro taxistas", na periferia. Bazolli repercutiu afirmação do presidente do Sindicato dos Taxistas de São Paulo (SinditaxiSP), Natalício Bezerra, que disse, em uma entrevista ao vivo ao site do jornal Folha de S. Paulo, que "pobre tem que se conformar que é pobre", e que não havia demanda de táxis na periferia. "Foi uma frase horrível", disse Bazolli. "Existe a necessidade (dos motoristas)". Tanto Bazolli quanto o professor de inglês Carlos Mandú, de 22 anos, que já usou o UberSul, foram localizados pela reportagem com ajuda da assessoria de imprensa da Uber. Mandú conta que uma corrida de Jabaquara até Jurubatuba feita com o UberSul custou R$ 29.

"Soube do serviço porque um motorista disse", conta o professor. "O preço é um fator que conta muito", afirma. Ele estima em "40%" a economia em relação ao táxi. "Hoje em dia, todo mundo tem uma necessidade. Por mais que não vá a lugares distante, mas por exemplo pegar um metrô, uma rua mais movimentada, a gente utiliza também. Não dá para ficar dependendo só dos ônibus, dependendo da localidade que você mora".

Mandú também comentou a declaração do presidente do sindicato dos taxistas. "Considero que isso é não conhecer o público, a população que anda de táxi", disse. Procuramos Natalício Bezerra. Quando ele atendeu o telefone, após três tentativas, disse que estava em uma reunião e se desculpou, dizendo que não poderia falar no momento. Meia hora depois, seu telefone passou a cair direto na caixa de mensagens.  

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