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Projeto de fechamento de ruas afaga aliados de Haddad

Secretários novos e aliado do PMDB viram protagonistas de iniciativa que fecha ruas da cidade -- e vai na contramão das ações de "abertura para pedestres" lideradas pela atual gestão

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Por Bruno Ribeiro
Atualização:

A gestão Fernando Haddad (PT) detalhou na tarde desta quinta-feira, 27, o projeto de lei que vai regulamentar o fechamento de ruas de vilas com portões no período das 22h às 6h. O anúncio marcou a nova "cara" da gestão Haddad após arranjos políticos para garantir ao prefeito condições de disputar a reeleição.

 

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O vereador Nelo Rodolfo (e), José Américo e Luiz Antonio Medeiros (d)

O texto foi apresentado pelo novo secretário de Relações Governamentais, José Américo (PT), no cargo há duas semanas, pelo o secretário das Suprefeituras, Luiz Antonio Medeiros, no cargo desde junho, pelo vereador Nelo Rodolfo (PMDB) e, na mesa com os três, o secretário de Desenvolvimento Urbano, Fernando de Melo Franco. Haddad, que tinha colocado a apresentação em sua agenda pública, não compareceu.

Américo afirmou que a subprefeitura de cada bairro é que vai avaliar um dos pontos mais polêmicos da nova proposta: o que cada rua terá de oferecer de contrapartida para poder instalar portões e se fechar para o restante da cidade.

"Vai ser a subprefeitura que vai determinar a contrapartida e que fará a fiscalização das ruas", disse Américo. A contrapartida pode incluir o plantio de árvores, aumento de área permeável nas calçadas, ou propostas de capitação da água de chuvas. Se os moradores da rua decidirem fechar os portões sem cumprir essas medidas, cada imóvel poderá ser multado pelos fiscais em R$ 1 mil. "Você vai na suprefeitura, negocia, conversa, tem espaço para isso", afirmou Américo.

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Nelo Rodolfo (PMDB) participou de discussões sobre o assunto na Câmara Municipal e deve ser o relator do texto na Comissão de Política Urbana. Ao se envolver com o assunto, ele se torna um dos interlocutores entre o Executivo, o Ministério Público (que acompanha a questão do fechamento de ruas) e moradores de até 1.500 vias da cidade consideradas "ruas de vila", que vão querer mudar o horário de fechamento das ruas -- restrito ao intervalo das 22h às 6h, segundo o projeto do Executivo.

Tratado como "meu vereador" e "amigo pessoal" por José Américo, Rodofo havia participado, há duas semanas, de

uma reunião com o prefeito e a bancada do PMDB

na Câmara (composta por quatro parlamentares) em que Haddad questionou o grupo sobre o apoio a Gabriel Chalita -- cotado para sair como vice de Haddad nas próximas eleições -- ante a aproximação senadora Marta Suplicy à legenda. Vereadores de outros partidos viram no gesto uma tentativa do prefeito de colocar o partido "contra a parede" para estancar a ameaça da ex-prefeita. Rodolfo diz que não se sentiu nada intimidado com a conversa, descrita como "cordial" e manteve o que disse ao

Estado

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no dia seguinte à reunião: "O que está posto, agora, é Chalita", enfatizando a palavra "agora". Ele afirmou que sua presença no lançamento da proposta para as rua fechadas não era um afago nem a ele nem ao partido. "É um projeto importante para a cidade", declarou. Ele lembrou que o vereador José Police Neto (PSD), seu adversário, também foi convidado ao evento -- mas esteve fora da cidade ontem. Já Américo, há duas semanas na Prefeitura, entrou em meio a expectativas de Haddad melhorar o diálogo com o próprio PT. Ele é um dos principais expoentes da corrente "Novo Rumo" do partido, que inclui 7 dos 10 petistas da Câmara -- incluindo o presidente do legislativo, Antonio Donato. O demais três vereadores são ligados à família Tatto, incluindo o líder da bancada, Arselino, adversário histórico de Américo dentro do partido. Américo é desafeto também de parte do secretariado, mas demonstrou poder suficiente tanto para conduzir a apresentação do projeto à imprensa quanto dizer que o texto seria votado na Câmara em, no máximo "40 dias". Medeiros, por sua vez, garantiu a participação do PDT no governo municipal e está na Prefeitura desde uma mini-reforma iniciada pela gestão Haddad em maio, buscando ampliar as legendas com representação no seu secretariado. Sua Pasta, entretanto, já

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conta com R $ 730 milhões a menos 

que a média da gestão anterior. E as subprefeituras passam por um pente-fino da Controladoria-Geral do Município. A proposta das ruas fechadas dará a sua secretaria um protagonismo ainda inédito desde que o pedetista assumiu. Ante o trio de novos aliados, na apresentação do novo projeto, coube a Fernando de Melo Franco -- secretário da "cota pessoal" do prefeito, associados a medidas como os Parklets e a revitalização de praças do centro -- explicar a contradição entre a nova medida, que fecha portões de ruas, e as medidas que Haddad tenta defender, como a abertura da Avenida Paulista para pedestres e ciclistas nos domingos e o fechamento do Minhocão no sábado. "A grande questão aqui é que estamos encaminhando, na medida do possível, processos de pactuação e de regulamentação justamente no sentido de resolver, equacionar, reconhecer e regulamentar os desejos da sociedade em seu vetores, que são contraditórios. O espaçocidade é o espaço do conflito e, mais importante do que dizer que vamos abrir ou vamos fechar é importante a gente estar pactuando de forma legítima, que todos se sintam participantes do processo, e acho que é o que está acontecendo aqui", disse Melo Franco.  

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