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Zoo de 482 animais

Terra vermelha, tratores e uma novidade na zona sul

Por Edison Veiga
Atualização:

Era um carro minúsculo o do Emilio Varoli, de acordo com as memórias de sua sobrinha, Jacira Gonçalves Varoli, hoje com 65 anos. “Não me lembro o modelo, mas sei que ele passou em casa um dia, me colocou dentro do carro e prometeu: ‘Vou levá-la para um lugar legal’”, conta. 

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Estrada de terra, buracos, calor, demora. “E o céu cinza”, diz ela, que tinha 8 anos e já achava aquele tio uma figura “extremamente interessante”, que trabalhava perto de sua casa, no Parque da Água Branca, e vivia viajando pelo mundo.

Emilio Varoli (1912-1981) era diretor do Departamento de Caça e Pesca da Secretaria da Agricultura e foi o responsável pela construção do Jardim Zoológico de São Paulo, que seria inaugurado em 16 de março de 1958, três meses depois daquele passeio de carro.

“Quando chegamos, era só aquela terra vermelha para todo lado, e máquinas e tratores. Perguntei o que era tudo aquilo”, diz. E ele respondeu que seria o Zoológico de São Paulo. “Eu nem sabia o que era um zoológico, então fiz cara de quem não entendeu. Quando ele começou a enumerar os bichos que eu haveria de conhecer ali, muito em breve, e citou onça, leão, rinoceronte... Ah, aí eu comecei a achar aquela história toda muito boa.”

Na inauguração, o zoo tinha 482 animais, entre os quais duas onças-pintadas e uma preta, um urso, um rinoceronte, nove cervos, 23 papagaios e três ararinhas-azuis. Hoje, são 3,2 mil bichos.

Durante a infância, Jacira esteve diversas vezes no local, com o tio ou com o pai, o comerciante Ernesto Varoli – morto em 2006. “Em 1971, levei meus alunos para um passeio ali”, conta ela, que foi professora de Português antes de se tornar relações públicas da Caixa Econômica Federal – onde se aposentou.

Depois, só voltaria ao zoológico há duas semanas, na companhia da reportagem do Estado, para fazer a foto que ilustra esta página. Foi a primeira vez que ela esteve no zoo com o filho, o jornalista Ricardo Varoli, de 31 anos – que fez questão de ir junto. “Ao contrário da maioria das pessoas, decididamente este não era um passeio de família para mim”, diz ele. “Mas sempre soube das histórias do meu tio.” / E.V.

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