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Vereadores aprovam projeto que proíbe uso do Uber em São Paulo

Foram 48 votos a favor e um contra; ainda é preciso a aprovação do texto em segunda votação, antes de ser encaminhado ao prefeito

Por Alexandre Hisayasu
Atualização:
Protesto de taxistas na frente da Câmara Municipal de São Paulo contra o Uber Foto: ROGERIO CAVALHEIRO/FUTURA PRESS

Atualizada às 22h02

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SÃO PAULO - Após longa discussão e sob clima de tensão e confusão, vereadores da Câmara Municipal aprovaram o projeto que proíbe o uso do aplicativo Uber na cidade. Foram 48 votos a favor e 1 contra. Ainda é preciso a aprovação do texto em segunda votação – prevista para agosto –, antes de o texto ser enviado para o prefeito Fernando Haddad (PT). 

O aplicativo permite que motoristas sem autorização ou cadastro no Município prestem serviço aos usuários. O Uber informou que vai continuar operando em São Paulo até a decisão final do Executivo.

O projeto aprovado nesta terça-feira, 30, é do vereador Adilson Amadeu (PTB) e também prevê a proibição da parceria entre empresas administradoras dos aplicativos com estabelecimentos comerciais. Se aprovado, o motorista que descumprir a regra pagará multa de R$ 1,7 mil, além de ter o veículo apreendido e sofrer outras sanções. 

Discussão. Quem usa o aplicativo elogia o serviço pela agilidade e conforto da maioria dos veículos usados (automóveis de luxo). Mas os taxistas argumentam que é uma competição injusta, pois os motoristas do Uber não pagam impostos e também não passam por fiscalizações, o que pode até diminuir o preço, mas compromete a segurança dos passageiros.

Antes e durante a sessão, cerca de mil taxistas acompanharam as discussões no auditório externo. Muitos ficaram na calçada. O Viaduto Jacareí foi ocupado por mais de 300 carros. O trânsito teve de ser desviado. A cada discurso de um parlamentar favorável ao projeto, gritos de taxistas eram ouvidos.

O vereador Milton Leite (DEM) fez parte da maioria dos parlamentares contrários à liberação do aplicativo. Ele disse em seu discurso que o Uber “é uma ofensa à estrutura do sistema de transporte público da cidade”. E afirmou que é preciso respeitar as regras atuais.

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Já o vereador José Police Neto (PSD) fez discurso favorável ao uso do aplicativo. Segundo ele, é preciso olhar o que o avanço tecnológico do Uber pode trazer de benefícios ao cidadão. “O Plano Diretor prevê, no artigo 254, o compartilhamento de automóveis como meio de reduzir o número de veículos em circulação. Por isso, sou contrário ao sistema arcaico que existe hoje que permite a apenas uma categoria trabalhar.”

No plenário, taxistas e usuários do aplicativo dividiam o espaço. Na entrada, os motoristas começaram a gritar “Fora, Uber”, como forma de pressionar os vereadores a proibirem o uso do aplicativo na cidade.

O taxista Alexandre Dias, de 40 anos, diz que o uso do Uber prejudica toda a categoria. “Não faz sentido outros motoristas sem nenhum tipo de fiscalização, que não são profissionais, trabalharem desse jeito.”

Em nota, a empresa informou que começou nesta terça uma campanha para que os usuários do aplicativo dessem opinião sobre o serviço. Cerca de 200 mil e-mails foram encaminhados para a Câmara Municipal. “O que mostra que milhares de pessoas querem garantir o seu direito de escolha”, diz a nota. A empresa está no País desde maio do ano passado.

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Confusão. Na tarde desta terça, dois integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL), favoráveis ao Uber, foram hostilizados na frente da Câmara. Enquanto davam entrevista para a TV Gazeta, um grupo de taxistas começou a jogar ovos contra eles. “Levei chutes e tapas. Estávamos explicando que beneficia o consumidor. Aí, os sindicalistas começaram a nos hostilizar”, contou Fernando Holiday, que é coordenador nacional do movimento. O colega dele, Alexandre Júlio, também diz que foi agredido. 

Guardas municipais e policiais militares separaram a briga. Os PMs usaram gás pimenta e os integrantes do movimento foram embora, por questão de segurança. 

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