TAUBATÉ - Acompanhar a gestação de um filho, vê-lo nascer, ir ao cartório registrá-lo, curtir os primeiros trinta dias de vida do bebê ao lado da esposa e ainda receber integralmente o salário como se estivesse na ativa. Em tempos de crise e necessidade de redução de gastos públicos, esta é a regalia proposta pelo vereador João Vidal (PSB) à Câmara de Taubaté, no Vale do Paraíba.
De acordo com o projeto, que ainda não tem data para ser avaliado pela casa, as vereadoras teriam a licença maternidade ampliada para 180 dias e os vereadores ganhariam 30 dias, ambos sem qualquer prejuízo ao salário de R$ 7.816,72 mensais.
Pelo regimento atual, os vereadores podem pedir afastamento de 30 dias, sem vencimentos, para cuidar de assuntos pessoais. A licença paternidade em todo o funcionalismo público do município, tanto da Prefeitura quanto da Câmara, é de 5 dias.
Em seu primeiro mandato, Vidal, que será pai no próximo mês, diz que seu objetivo é que o benefício seja estendido a todos os servidores municipais. A proposta inicial apresentada, no entanto, relaciona apenas os vereadores da casa.
Repercussão. A proposta revoltou a cidade. David Luiz, montador de móveis, reprova. “Querem que o Brasil mude, mas muitos brasileiros não mudam suas atitudes”, criticou. “Pior: fomos nós que o colocamos lá! Vergonha alheia”, comentou Valeria Ferri, secretária e árbitra de futebol, que diz ter votado no vereador e emendou, “culpa minha ele estar lá”. Já Flavio Augusto Machado, marceneiro, acredita que se a proposta passar pelo legislativo, os vereadores “estarão de brincadeira com a cara do eleitor taubateano”.
A Câmara de Taubaté tem 19 vereadores. O município possui 302 mil habitantes e 218 mil eleitores. Em 2011 a cidade ficou conhecida por uma declaração do ex-vereador Rodson Lima, morto em 2013, que disse viver uma “vida de príncipe” com o dinheiro público, ao participar de um encontro com representantes do legislativo em Aracajú e ficar hospedado em hotel quatro estrelas de frente para o mar.